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Entrevista

Oficial de Comunicação do 8.º Grupamento de Bombeiros fala sobre a Operação Verão

2.ª Tenente Virgínia Turra destacou os cuidados essenciais

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A 2.ª tenente Virgínia Turra, Oficial de Comunicação Social do 8.º Grupamento de Bombeiros, é natural de Curitiba, mas reside no litoral paranaense desde 2013. O início na carreira se deu em 2010, quando entrou nos Bombeiros. Em dezembro de 2013, se formou na Academia Policial Militar do Guatupê, em São José dos Pinhais, e desde então atua no litoral do Paraná, no 8.º Grupamento de Bombeiros. A princípio, passou pelos cargos de comandante de Seção Operacional de Bombeiros por dois anos e há um ano é coordenadora Regional Adjunta de Proteção e Defesa Civil, além de chefe da seção de Comunicação Social. Na entrevista, tenente Turra falou sobre as atividades da Operação Verão e o preparo dos guardas-vidas, que são essenciais para oferecer segurança aos banhistas. Além disso, comentou sobre os acidentes que resultaram em quatro óbitos nesta temporada e como tais situações podem ser evitadas. Inclusive com as crianças, que precisam de atenção redobrada nas praias. Confira a entrevista com a tenente Virgínia Turra:

 

Folha do Litoral News: Quantos postos guarda-vidas existem no litoral e quantos profissionais atuam durante a Operação Verão?                       

Tenente Turra: São 89 postos de guarda-vidas. Atualmente são 660 homens, sendo 17 guardas-vidas civis e 643 bombeiros militares. Às sextas, sábados, domingos e nas semanas de feriados, os guardas-vidas estão presentes nas praias das 8h às 20h e, nos demais dias, das 8h30 às 19h.

 

Folha do Litoral News: Como acontece o treinamento dos guardas-vidas?

Tenente Turra: São 650 horas no total de treinamento. Durante um mês e meio (225h) são aulas teóricas, treinamentos, aulas práticas e simulados. Depois há 415 horas de estágio supervisionado. Nas primeiras horas de treinamento, eles têm diversas aulas acerca de primeiros socorros, técnicas de resgate, técnicas de busca, tudo voltado para a parte teórica e preparo técnico. A partir do estágio supervisionado, que são 415 horas, basicamente seria o de tirar serviços acompanhados na areia, eles praticam como estagiário mesmo durante a Operação Verão, sempre acompanhados por guardas-vidas já formados e experientes. É aí que eles desenvolvem experiência, colocam em prática e reforçam os conteúdos que aprenderam no curso. Após essas fases, tem a formatura, que marca a finalização dos treinamentos, eles recebem o certificado de conclusão e estão qualificados para vir em novas temporadas como guarda-vidas, podendo atuar sem a necessidade de supervisão. Mas, eles sempre irão atuar em duplas, pois faz parte do nosso protocolo, que não permite que um guarda-vidas fique sozinho em um posto e podem, ao passar dos anos, ajudar a supervisionar os estágios dos novatos. Esse é o nosso treino para os guardas-vidas que já são bombeiros militares.

 

 

Folha do Litoral News: Os principais resgates são de pessoas alcoolizadas? Qual o alerta para quem bebeu e quer entrar na água, seja praia, rio ou piscina?

Tenente Turra: É muito difícil quantificar a questão da bebida das pessoas, até porque nem sempre os sinais da pessoa que bebeu são tão visíveis. Porque não precisa estar em estado claro no quesito alcoolizado para que os seus reflexos estejam debilitados. É como no trânsito, por mais que você aparentemente sinta-se seguro, os seus reflexos já estão diminuídos. Por isso a regra para caso de banho nas praias, rios e piscinas é a mesma do trânsito: se bebeu, não entre na água.

 

Folha do Litoral News: Já tivemos algumas fatalidades no litoral durante esta temporada. Qual o balanço do período até agora?

Tenente Turra: Neste ano, nós registramos, pelo atendimento do Corpo de Bombeiros, quatro óbitos por afogamento durante a temporada de verão no litoral do Estado. Entre eles, tivemos um acidente com embarcação, quando três jovens brincavam em uma canoa que acabou virando e não portavam equipamentos de segurança obrigatórios, que no caso é o colete flutuador. Esse colete é muito importante para embarcações de diversos tipos, seja canoas, moto aquática, o famoso jet-ski, ou barcos maiores. É importante que a pessoa vista o colete para que esteja segura no caso de fatalidade e ser surpreendida por um naufrágio ou acabar caindo da embarcação. Tivemos também o afogamento de uma criança de 12 anos. Tivemos ainda caso de afogamento em uma região muito rasa do mar, por relatos dos próprios familiares, eles estavam fazendo uma caminhada longa e, com o corpo muito quente, decidiram entrar no mar para dar um mergulho para se refrescar. O rapaz de 31 anos mergulhou diretamente na água o que pode ter causado uma hidrocussão, que é o nome científico para o nosso popular choque térmico. O corpo muito quente com a água muito gelada há uma diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro, podendo causar a perda de consciência e, após isso, o afogamento. A dica fica para entrar na água com calma, devagar, molhar as pernas, os braços, a nuca, o rosto, ambientar o corpo àquele meio líquido, ao mesmo tempo que vai conhecendo o fundo, vendo a profundidade. Assim evita o problema de hidrocussão.

 

 

Folha do Litoral News: Quais cuidados devemos ter com as crianças na praia?

Tenente Turra: A criança tem que estar o tempo todo sob observação e acompanhada por um adulto. Se está na areia, tem que ficar o tempo todo de olho, se estiver na água a regra é ainda mais restrita, a criança tem que ficar no máximo a um metro de distância dos pais ou dos responsáveis, ou seja, ao alcance de um braço. Para que caso a criança caia ou sofra qualquer tipo de acidente, ela esteja ao alcance para que possa ser retirada do perigo. Outra situação com criança é a presença das boias de braço, de barriga, os brinquedos infláveis e as pranchinhas. Eles são brinquedos, não são equipamentos de segurança, pois eles são frágeis, podem se soltar, estragar e colocar a criança em uma situação de risco.

 

Folha do Litoral News: Quais os cuidados em rios? A que os banhistas estão sujeitos?                       

Tenente Turra: Nos rios existem correntezas mais fortes que podem colocar as pessoas em situações de risco. Isso ainda aliado às pedras que podem estar lisas. É preciso muita atenção nestes locais. Vale ressaltar a importância de não saltar de pontes e outros locais elevados e também o risco de cabeça d’água, que é um fenômeno principalmente da região de Morretes e Antonina que pode acontecer. Esses rios têm suas nascentes nas serras e, às vezes, uma chuva não localizada no rio, mas localizada na cabeceira do rio, vai provocar o aumento da água, da velocidade, trazendo riscos adicionais. Os banhistas têm que estar atentos às mudanças repentinas na coloração da água, que vai ficando mais escura, também a chegada de folhas, galhos e materiais que são trazidos. Percebendo que a água começou a ficar mais veloz, isso não é normal no rio. Neste caso, deve-se sair imediatamente para a margem, de preferência a margem que dá acesso à rua, porém se estiver difícil essa, vá para a margem que dá acesso ao mato, não tem problema. Se coloque em uma situação de segurança e ligue para o 193 para aguardar o socorro do bombeiro se for necessário.

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