João Carlos Santos Rocha é parnanguara, filho do portuário João de Souza Rocha e Antonia Santos Rocha (in memoriam), pai de três filhos: Carla, Lucas e Saul. Desde os primeiros ensinamentos, estudou em escola pública até se formar em História na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar), atual Unespar. Professor João Rocha iniciou sua atuação profissional ministrando aulas de ensino religioso, em virtude de sua ligação com os movimentos religiosos, o que o levou a fazer um curso superior e dedicar-se de vez ao magistério, no qual por mais de 30 anos foi professor de História, possuindo graduação plena e cursos complementares de História do Brasil e do Paraná. Também trabalhou por 22 anos, no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC), sendo transferido com o seu fechamento para a Receita Federal, em que atuou por mais de 10 anos e onde também se aposentou do Serviço Público Federal. A pedido de um de seus filho, este ano concretizou o sonho de publicar um livro que conta a história do Escotismo em Paranaguá. Uma de suas características também é a atuação na área filantrópica, sendo que toda renda obtida com o livro será revertida ao Grupo Escoteiro Comandante Santa Ritta. Ele também é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, onde está assumindo uma diretoria na cadeira de História. Nesta entrevista, João Rocha fala um pouco de sua ida para o magistério e do seu primeiro livro. Confira:
Folha do Litoral News: Como o magistério entrou em sua vida?
João Rocha: Através dos cursos religiosos. Na década de 70, fiz um curso religioso no qual me adaptei muito bem e comecei a trabalhar com a religião ministrando cursos. Tinha uma certa dificuldade de falar e isso foi me desinibindo, fui ganhando confiança e fui caminhando até que no início da década de 80, a saudosa professora Ziná Neves me convidou para dar uma palestra na época Ginásio Leão XIII. Ministrei a palestra e parece que os alunos gostaram e me convidaram para continuar a conversa, pois havia passado do horário deles. Retornei e, já na sequência, o colégio me fez o convite. Mas teve um fato marcante, antes disso, fui convidado a participar de uma missa alusiva ao Dia dos Professores, e eu não era professor ainda, mais fui muito bem recebido e homenageado, o que me marcou muito. Dali recebi o convite se eu queria dar aulas de ensino religioso no colégio. Aceitei e trabalhei durante o período de dois anos, quando apareceu o convite do Colégio Peixinho Sapeca, um dos melhores que trabalhei em Paranaguá, pela organização e seriedade. Comecei dando ensino religioso, mas logo em seguida, eu já estava fazendo Faculdade de História e o colégio teve baixa de um professor desta disciplina. Eles foram buscar alguém na faculdade e a professora falou que havia um aluno bom aqui e me indicou, foi aí que passei a dar aulas de História no Peixinho Sapeca. Foi assim que o magistério entrou em minha vida e onde pude contribuir para a formação de muitas pessoas.
Folha do Litoral News: Movimentos religiosos eram muito ativos na década de 70, sendo o que o levou para o ensino religioso. O que poderia nos contar deste período?
João Rocha: A década de 70 é marcada em Paranaguá pelo bispado de dom Bernardo José Nolker, nosso primeiro bispo diocesano. Ele tinha como sua pastoral os movimentos religiosos, como o TLC (Treinamento de Liderança Cristã), OVISA (Orientação para Vivência Sacramental) e, entre eles, vai surgir um movimento de jovens o Mocc (Movimento de Conscientização Cristã). Estes movimentos pastorais eram muito fortes. Existiam grupos na cidade muito bem organizados que disputavam para participar destes movimentos. Ele ficou adormecido por algum tempo, e há uns quatro ou cinco anos retornou com uma nova roupagem, onde voltei a participar no grupo dos veteranos.
Folha do Litoral News: Como professor de História qual fato lhe chamou atenção?
João Rocha: Quando ingressei na faculdade, tinha um livro que me despertava muito e não conhecia, e que gostaria de conhecer que era a bíblia. Fiz uma boa biblioteca religiosa e, autodidata, comecei a estudar e fiquei encantando com a História Antiga, tanto que o meu forte na escola sempre foi História Antiga e Medieval e também a História do Brasil. Posso dizer que não era muito chegado na História Moderna e Contemporânea. Um dia na faculdade, eu como uma pessoa mais velha ficava sentado em um canto, na minha aproveitando a aula, quando um professor me questionou ‘gostaria que você falasse sobre os hebreus’, foi igual jogar o sapo na água, dali para frente passei a ter um nome e foi a partir daí que comecei a galgar mais conhecimentos na área de História. Acredito que esta minha vontade de conhecer a bíblia fez com que eu acabasse virando um pesquisador. Eu gosto muito de fazer pesquisas e assim nasceu o interesse em escrever sobre a História do Escotismo em Paranaguá.
Folha do Litoral News: Como foi realizar este sonho de ver publicado seu livro?
João Rocha: Após vários anos aposentado, a pedido de um de meus filhos, o Lucas, que foi em casa e me questionou sobre alguns vultos de nossa História, como Didio Augusto de Camargo Viana, quem foi o Comandante Santa Ritta, e pediu para que pesquisasse sobre pessoas que foram marcantes na História de Paranaguá, para quando perguntado tivessem como responder com mais propriedade. Aí surgiu uma nova etapa na minha vida, há aproximadamente um ano, fui ao Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, e fiquei maravilhado com o pessoal, que realmente conhece a história de Paranaguá, do Paraná e do Brasil, e que prontamente me atendeu. Como suporte para a pesquisa, as pessoas me mostraram um jornal de 1913, e eu, alérgico, fui parar no médico, mas as informações me chamaram atenção e voltei a pesquisar. Fui pesquisando cada vez mais, até pegar o meado das coisas e acabei identificando que já em 1914 Paranaguá já tinha um Grupo de Escoteiros, que tinha Dr. Anibal Ribeiro Filho e uma plêiade de parnanguaras da época. Depois disso, acabei encontrando outro grupo em 1928, e quem se destaca é Tulio Lapagesse de Pinho, depois veio o grupo dos irmãos Viana, sendo fundado pelos irmãos: Àlvaro e Didio Augusto de Camargo Viana, que depois vem a ser o grande Didio, um incentivador e funda a Associação dos Escoteiros de Paranaguá. Já em 1973, em um trabalho do Lions Club e um grupo de dentistas, surge o Grupo de Escoteiros Comandante Santa Ritta, e por último temos o Grupo de Escoteiros do Mar Ilha do Mel, o Gemim, que é o caçula. E neste livro homenageio o Dr. Tadami Sato que foi um grande alicerce do escotismo em Paranaguá. Quem quiser adquirir um exemplar, eles estão exclusivamente com o Grupo de Escoteiros Comandante Santa Ritta, e toda a renda da comercialização será revertida à entidade.