Harrison Camargo, o Canela, assumiu em 2016 a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Nesse período, já realizou várias ações que estão contribuindo para a preservação do fandango em Paranaguá. Neste sentido, uma das atividades relevantes é a realização da 9.ª Festa do Fandango Caiçara. O evento começou na sexta-feira, 17, e segue até domingo com uma programação que envolve exposições, debates e bailes. É sobre a cultura caiçara que ele fala nesta entrevista. Confira:
Folha do Litoral News: Qual a importância da festa do fandango para o fortalecimento da cultura caiçara?
Camargo: A cultura caiçara é nossa maior riqueza imaterial, compõe nossa identidade parnanguara. A festa do fandango é mais uma atitude que tomamos para o fortalecimento e perpetuação das tradições, das histórias, da culinária e todos os componentes do nosso patrimônio cultural. Temos a festa do fandango, realizada sempre no terceiro domingo do mês de agosto, para que celebremos junto ao dia do Fandango e do Barreado, como versa a Lei 2.218/2001, assinada pelo saudoso prefeito Mário Roque. Assim como preconiza a Lei, a festa do Fandango tem por objetivo “divulgar, disseminar, promover, preservar, expressar, ensinar, estudar, historiar o Fandango e o Barreado em suas formas típicas e tradicionais”, e é o que tratamos de fazer da melhor maneira possível.
Folha do Litoral News: Além de bailes, a festa vai contar com debates. O que vai ser tratado nas discussões?
Camargo: As discussões são, justamente, em torno da salvaguarda do Fandango, ou seja, verificar as possibilidades e instrumentos possíveis e disponíveis para que o fandango seja preservado e disseminado, tanto nas comunidades de interesse como para o grande público, que merece conhecer nossas raízes, nossa cultura, tão rica.
Folha do Litoral News: Podemos dizer que a festa do fandango é um evento turístico?
Camargo: Certamente. Ainda que pese ser um evento de cunho cultural, tem sua potencialidade turística. Além de atrair outros grupos de fandango para as apresentações, o setor turístico do município é movimentado, atraindo grupos de outras regiões, militantes da cultura caiçara e o público espectador, colocando Paranaguá em evidência como um munícipio brasileiro que investe na manutenção da cultura caiçara, especialmente na Salvaguarda do Fandango.
Folha do Litoral News: A festa do fandango também conta com participação de grupos de outras cidades. Quais estarão presentes neste ano?
Camargo: Este ano teremos a presença de grupos visitantes de Iguape, Ubatuba, Guaraqueçaba e Superagui, além da apresentação dos grupos de fandango de Paranaguá. É muito importante essa troca de experiências e a vivência da realidade de cada grupo. Esse intercâmbio só contribui para o enriquecimento da cultura caiçara e sua disseminação.
Folha do Litoral News: Quais são as ações do Poder Público em prol do fandango?
Camargo: Paranaguá é um dos municípios mais atuantes na questão de investimentos na Salvaguarda do Fandango. Possuímos o tombamento como patrimônio imaterial, e investimos em sua conservação, preservação e disseminação, haja vista a lei que determina a realização da festa de fandango e o dia do fandango e do barreado. Além da realização da festa, a prefeitura realiza quinzenalmente os bailes de fandango provisoriamente sendo realizados no mercado Nilton Abel de Lima, enquanto ocorrem as obras de conservação e climatização do mercado do Café, seu local original de realização. Estamos no momento de homologação dos contratos com os grupos de fandango, sendo todos contemplados, para que os bailes retornem por mais 12 meses. Além dos bailes e das festas, realizados pela Prefeitura de Paranaguá, oficinas de construção da rabeca e de outras vertentes da cultura caiçara também são ofertadas aos munícipes. Para além das ações, sempre que oportunamente, a cultura caiçara é levada ao grande público, sendo um atrativo turístico da nossa região.
Folha do Litoral News: Fica o espaço para as considerações finais.
Camargo: O fandango é patrimônio nosso, integrante da cultura caiçara, que sempre teve e terá espaço nas iniciativas da SECULTUR, bem como na gestão do prefeito Marcelo Roque, grande incentivador da cultura local, a quem agradecemos a abertura e os investimentos na área. Estamos dispostos e felizes a semear a conservação e a divulgação da nossa identidade cultural, da herança que recebemos e deixaremos aos nossos. Não poupamos esforços para direcionar verbas ou ações nesse sentido, ficamos muito orgulhosos em verificar que Paranaguá é, certamente, o reduto do fandango, onde as ações acontecem, o diálogo é fomentado e a salvaguarda é garantida, conforme estimulam outros órgãos do setor, como o Ministério da Cultura e o IPHAN.