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Entrevista

Dom Edmar fala das diversas dimensões da Páscoa

Bispo destaca a Páscoa como momento de renovar as esperanças

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Dom Edmar Peron nasceu em uma família de migrantes que, em busca de melhores condições de vida, no início da década de 50, desceu do oeste paulista para Maringá, no Paraná. Fez os estudos do Ensino Básico nos colégios Duque de Caxias e Rodrigues Alves e o Ensino Médio no Instituto de Educação de Maringá. Terminado o Ensino Médio, aos 18 anos, entrou no Seminário Maior Arquidiocesano Nossa Senhora da Glória – Instituto de Filosofia, em Maringá, onde cursou Filosofia (1983–1985), seguindo depois para o Seminário Paulo VI – Instituto Teológico Paulo VI, em Londrina (1986–1989), para os estudos de Teologia.

No dia 23 de julho de 1989, foi ordenado diácono e, em 21 de janeiro de 1990, padre para a Arquidiocese de Maringá. Desde então serviu àquela Arquidiocese, realizando trabalhos em diversas paróquias e assessorias, além de atuar na formação dos seminaristas.

Foi vigário da Paróquia Santo Antônio de Pádua, em Maringá, em 1990 e 1991, e pároco das Paróquias: Nossa Senhora do Rosário, em Floresta, de 1991 a 1994; Santa Rosa de Lima, em Iguatemi, de 1996 a 1997; Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança, em 1998 e 1999; e Cristo Ressuscitado, em Maringá, de 2002 a 2006. Foi administrador Paroquial na Paróquia Nossa Senhora Rainha, em Atalaia, em 1998 e 1999. Colaborou com outras paróquias, especialmente no período em que participou da equipe de formadores dos seminaristas da Arquidiocese de Maringá, por 10 anos.

No ano 2000, foi enviado à Roma, por Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, para realizar estudos, em nível de Mestrado, em Teologia Dogmática, especialização em Teologia dos Sacramentos, até 2002.

Desde seu retorno, em 2002, foi professor de Teologia Dogmática e de Liturgia, inicialmente no Instituto Teológico Paulo VI e, posteriormente, na PUCPR – Campus Londrina. Durante seu sacerdócio, atuou como membro do Colégio de Consultores e, em períodos alternados, também do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Maringá.

Dedicou grande parte de seu trabalho pastoral, durante nove anos, à Pastoral de Liturgia e Canto da Arquidiocese de Maringá. Desde 2007 tem escrito para a Revista de Liturgia, em São Paulo. Foi vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva, de 2007 a 2009.

No dia 30 de dezembro de 2009 foi nomeado pelo papa Bento XVI para bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. Foi ordenado bispo, no dia 28 de fevereiro de 2010, em Maringá. Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, é membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia desde 25 de junho de 2011. Confira a entrevista exclusiva com o bispo da Diocese de Paranaguá, dom Edmar Peron:

 

Folha do Litoral News: Fale sobre esses três dias, Sexta-Feira Santa, Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa, e seus significados religiosos.

Dom Edmar: Temos que distinguir algumas questões. Às vezes, parece que quando celebramos Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado à noite seria o Tríduo, mas precisamos distinguir que são três mistérios da vida de Jesus. Jesus Crucificado é o Mistério celebrado na sexta-feira, Jesus sepultado é o Mistério de Cristo que está no sepulcro, como rezamos no Creio, desceu à mansão dos mortos. Quando o sábado termina, isto é, ao anoitecer, a igreja se reúne na espera da ressurreição que é a longa Vigília Pascal com muitas leituras e orações até que se chegue à Proclamação do Evangelho, o anúncio da Ressurreição. Com o sábado à noite iniciamos na igreja o Mistério do Ressuscitado, aquele que foi crucificado, morto na cruz, foi sepultado no sábado e agora Ele é o ressuscitado. As escrituras dizem que Deus não abandona o justo para além do terceiro dia e as escrituras falam do encontro com o Senhor no terceiro dia, isto é, no domingo. Maria Madalena é a primeira, é a grande apóstola que no domingo pela manhã vai ao sepulcro e encontra o Senhor ressuscitado. Depois os outros apóstolos fizeram essa mesma experiência do encontro. Nós não contamos três dias de 24 horas, mas dizemos no terceiro dia, ou seja, a sexta, sábado e no domingo (terceiro dia), Ele é encontrado ressuscitado.

 

Folha do Litoral News: Por que é chamado Sábado de Aleluia?

Dom Edmar: Porque durante toda a Quaresma a igreja não canta o Aleluia. Ela interrompe o canto do Aleluia na terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas e nessa noite de Sábado para o anúncio da ressurreição de Jesus volta a cantar o Aleluia. É uma aclamação ao Evangelho longa com o Salmo 117 proclamando muitas vezes o Aleluia. Nesse sábado voltamos a cantar o Aleluia para aclamar o Evangelho da ressurreição do Senhor.

 

Folha do Litoral News: A Páscoa celebra a ressurreição de Cristo, como é vista essa data para todos os cristãos?

Dom Edmar: Temos que considerar algumas dimensões da Páscoa. Em primeiro lugar, dizemos Páscoa porque Jesus ressuscitou. Maria Madalena e os discípulos o encontraram vivo, ressuscitado e essa era, então, a Sua promessa. Se Jesus tivesse sido só crucificado não estaríamos aqui hoje falando dele, mas porque ele ressuscitou, nós nos reunimos. São Paulo sintetiza dizendo: a nossa fé, nossa esperança, a pregação da igreja, nada teria sentido se não fosse a ressurreição de Jesus. Mas na Páscoa de Jesus falamos também das nossas Páscoas, ou seja, também o homem e a mulher quando passam de condições menos humanas para condições mais humanas, passa do pecado para a graça, do rancor para o perdão, todas essas experiências são Páscoas na vida do homem e da mulher. Esperamos que o Brasil encontre Páscoa porque estamos vivendo uma situação de morte com os esquemas atuais do governo. Esperamos poder chegar à Páscoa, que as pessoas voltem a ter uma tranquilidade com relação ao seu futuro e com relação à defesa da vida. Então, isso é Páscoa da pessoa. Se a Páscoa tem essa dimensão tão grande que é do Cristo até a defesa da natureza poderíamos dizer que celebrar a Páscoa não seria só pelos cristãos porque toda pessoa que tenha qualquer crença ou não tenha crença alguma, mas que defenda a vida, o trabalho das pessoas, que defenda e recuperação de rio, por exemplo, está no fundo experimentando o que é Páscoa, passagem da morte para a vida.

 

Folha do Litoral News: Avaliando por essa visão, a Campanha da Fraternidade também está ligada à Páscoa?

Dom Edmar: A Campanha da Fraternidade recorda uma terceira dimensão da Páscoa que é o cuidado com a natureza, isto é, cuidar, cultivar a natureza. Este ano falávamos dos biomas, estamos todos dentro do bioma Mata Atlântica e essa defesa e cuidado com a natureza, cultivar a criação de Deus como um presente que Ele nos deu gera uma responsabilidade da nossa parte, isso também é Páscoa.

 

Folha do Litoral News: Fica o espaço para suas considerações finais.

Dom Edmar: Quero desejar que a Páscoa seja um verdadeiro encontro. Que as pessoas possam saborear os encontros. Que os encontros com Cristo, com as pessoas e com a natureza suscitem novamente no coração das pessoas uma luz que está se perdendo e se chama esperança. Esperança que nos dê força de lutar por condições melhores de vida nas nossas famílias, nossa cidade, no nosso País. Esperança de que nós mesmos sejamos pessoas melhores, mais justas, mais santas, mais verdadeiras. Que essas muitas esperanças se fundamentem em Cristo que por nós morreu e ressuscitou. Desejo que todos possam festejar e ver renascer em seus corações a esperança que Cristo ressuscitado nos traz.

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