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Entrevista

Advogada fala sobre as conquistas da mulher e a luta pela igualdade de gênero

“Quanto mais a mulher ocupa os espaços públicos como a política, mais ela dá visibilidade para a pauta feminina”, destaca a advogada Leilane Braga

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Leilane Braga tem dez anos de atuação e busca os direitos das minorias

Leilane Braga é natural de Paranaguá, filha de José Antônio Braga e Samia Rita Santos, e mãe de João Teodoro. Estudou no Colégio Estadual Regina de Melo e no Instituto Estadual de Educação. Em 2010, concluiu a faculdade de Direito pela Universidade Dom Bosco. Completou em fevereiro 10 anos de atividades profissionais.

Ela foi aprovada na OAB antes mesmo de se graduar. “Sou filha dessa terra com muito orgulho e fiquei muito feliz em ter a oportunidade de retornar em 2015”, destaca.

Mulher, feminista engajada na luta pelos direitos das minorias, umbandista, defensora do respeito pela pluralidade de cultos religiosos, Leilane sonha com uma sociedade menos desigual. É sobre a luta pelos direitos da mulher que ela fala nesta entrevista:

 

Folha do Litoral News: O que a levou a escolher o Direito como profissão? Tem alguma influência familiar?

Leilane: As carreiras jurídicas sempre me empolgaram, em saber que através delas a sociedade encontra o equilíbrio, claro que eu não entendia exatamente essa atuação. Sou a primeira pessoa da minha família a ter uma formação superior, mas indiretamente a atuação do meu pai policial influenciou essa escolha, hoje entendo a importância desse trabalho e a minha predestinação à Advocacia.

 

Folha do Litoral News: Quais as principais dificuldades enfrentadas pela mulher advogada no Brasil?        

Leilane: Historicamente se trata de uma profissão predominantemente masculina. Hoje as mulheres representam 49% dos advogados inscritos na OAB. Mesmo com o aumento de mulheres na profissão, advogadas não são maioria das lideranças em escritórios e empresas, até mesmo o Conselho Federal da OAB nunca foi presidido por mulheres. A advogada gestante, por exemplo, só teve benefícios significativos em 2016 com a lei 13.636, quando tiveram seus direitos reconhecidos dentro da profissão para suspender prazos processuais por 30 dias a partir do nascimento do filho ou adoção, entre outras questões. Até então, profissionais não possuíam nenhum direito diferenciado durante os primeiros meses como mãe ou pai. Além disso, as mulheres também sofrem preconceito velado nos momentos de atuação, seja nos fóruns ou qualquer outra autarquia, o tratamento dado à mulher advogada ainda, infelizmente, é diferente. Além disso, a atuação em carreiras jurídicas também é ocupada na maioria por homens, nas funções de juiz, promotor, delegado, por exemplo, e essa interação acaba sendo diferenciada pelo gênero. Claro que a crescente atuação das mulheres nas carreiras jurídicas é a tendência, um dia esse fator não será mais preponderante.

        

Folha do Litoral News: Atualmente as mulheres estão reivindicando mais por seus direitos?        

Leilane: Sem dúvida! A reivindicação sempre existiu, hoje em dia com a agilidade e a facilidade de acesso aos meios midiáticos a informação e o conhecimento chegam de forma mais rápida e mais cedo na vida das pessoas. Com isso, as mulheres se fazem presentes, sabem reivindicar o direito entre os iguais. Gosto de dizer que a informação é nosso melhor remédio. A ampla divulgação de direitos, o conhecimento e a crescente luta por direitos e equilíbrio são reais.

 

Folha do Litoral News: Você acredita que o Brasil alcançará a igualdade de gêneros no mercado de trabalho?        

Leilane: Precisamos acreditar sempre. Mas existe um caminho a percorrer, muito trabalho pela frente, muito comportamento a ser transformado, o assédio sofrido pela mulher no ambiente de trabalho contribui para essa desigualdade notável nos cargos de hierarquia, com raras exceções em ambientes corporativos predominantemente feminino nos cargos de chefia. Os ambientes corporativos predominantemente feminino existem e apresentam excelentes resultados e destaque. A igualdade precisa alcançar principalmente os salários, quando se trata de mesmos cargos e iguais responsabilidades.

 

Folha do Litoral News: Como você define o empoderamento das mulheres?        

Leilane: O empoderamento vem de dar o poder, é o ‘vai lá que você pode’. Vai lá, seja irmã, filha, amiga, esposa, tia, avó. Sim, nós podemos! Esse comportamento gera uma atitude de confiança, uma onda que se propaga, começa pequena e vai atingindo uma a uma, tomando grandes proporções. Toda a sociedade ganha com o empoderamento, essa mulher é mãe, filha e esposa, essa posição de autoconfiança cria correntes de apoio e luta.

 

Folha do Litoral News: Qual a maior conquista que as mulheres tiveram nos últimos anos?        

Leilane: Nos últimos anos, a maior conquista foi no mercado de trabalho e na política. Quando a mulher tem direitos ela consegue ocupar espaços. Quanto mais a mulher ocupa os espaços públicos como a política, mais ela dá visibilidade para a pauta feminina e expõe as necessidades de um público que, de acordo com dados do IBGE 2018, o número de mulheres no Brasil é de 51,7%, superior ao de homens, equivalente a 48,3%. As cotas na política garantidas pela lei 9.504, sancionada em 1997, garantem a reserva de, no mínimo, 30% de mulheres candidatas durante as eleições. Para melhor esclarecimento, em 2009, a lei 12.034 especificou que os partidos devem ter no mínimo 30% e no máximo 70%, candidatos de cada sexo. Com o crescimento da participação feminina na política temos grandes conquistas como a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, foi um marco na luta de direitos femininos nos últimos anos. A tipificação do feminicídio no código penal, pela lei 13.104, sancionada em 2015, que tipifica no Código Penal brasileiro, específica, o reconhecimento do homicídio contra a mulher simplesmente por pertencer ao sexo feminino, em crimes cometidos em situação de violência doméstica e familiar.

 

Folha do Litoral News: Qual recado daria para as mulheres neste dia 8 de março?

Leilane: Nós, mulheres, estamos na luta todos os dias, a vida se vence um dia de cada vez. Na luta pelo pão de cada dia, pela educação dos filhos e pelo direito das minorias. Buscando o melhor sempre, dentro da realidade e essência de cada um. Não existe vitória sem luta, e essencialmente para mim, ninguém vence sozinho, essa vitória é coletiva, em equidade e equilíbrio de condições e de direitos, o meu vencer é pensar na minha contribuição para essa sociedade sonhada, sem preconceito religioso, racial e de gênero.

        

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