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Educação

Colégios do litoral são ocupados por estudantes

Alunos são contra a Medida Provisória que propõe a reforma no Ensino Médio

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Em discordância com a Medida Provisória 746/16 e a PEC 241, estudantes ocuparam alguns colégios estaduais na manhã de segunda-feira, 10. Em Paranaguá, duas instituições de ensino foram ocupadas, o Colégio Estadual José Bonifácio e o Alberto Gomes Veiga. Outros municípios do litoral também registraram a ocupação por meio do movimento “#Ocupa Paraná”.

O movimento intitulado “Ocupa AGV”, do Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, divulgou uma nota de esclarecimento sobre a ocupação. No comunicado, os estudantes afirmam que a Medida Provisória “destrói o Ensino Médio”. O protesto também é contra a PEC 241. “A ocupação está ocorrendo pacificamente. Não há presença de policiais ou de quaisquer outros movimentos ou instituições, sendo um movimento, exclusivamente, dos estudantes”, afirmaram em nota.

O estudante Lucas Grigoletti, do Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, contou que desde o período da manhã até o início da tarde de ontem, cerca de 90 alunos ocuparam a escola. “Estamos vendo o decorrer em outras cidades e a gente não podia ficar calado nesta luta. Vamos permanecer na escola, dormir aqui, por tempo indeterminado”, disse.

Para ele, a Medida Provisória não deve ser alterada, mas derrubada. “Não há conserto, a gente lê e ri. Eles querem tirar as matérias pensantes dos alunos, vão criar o quê? Robôs? É esse o objetivo? A PEC quer congelar a parte financeira e não tem uma lógica”, relatou Lucas. Os alunos contaram que a comunidade tem ajudado por meio da doação de alimentos para que eles possam permanecer na escola.

 

 

De acordo com Thainá Gonçalves, o erro está em considerar saúde e educação como gastos. “É uma coisa que deveria ser investida diariamente. Reclamam tanto do desenvolvimento do Brasil, mas não investem no mais importante”, afirmou.

 

JOSÉ BONIFÁCIO

Em um dos maiores colégios estaduais de Paranaguá, o Colégio Estadual José Bonifácio, os estudantes participaram de assembleia pela manhã para decidir sobre a ocupação. Por volta das 14h30, os professores e demais profissionais da escola começaram a deixar as dependências e voltarem para casa, assim como estudantes do Ensino Fundamental.

Willian Pereira dos Santos, vice-presidente do Grêmio Estudantil, relatou que cerca de 200 alunos aderiram ao movimento. “A ocupação começou por volta das 10h, momento que reunimos os alunos no pátio do colégio para saber a aceitação deles com relação ao assunto. Conversamos com todos sobre os motivos da ocupação e as regras. Muitos ficaram com medo da polícia, esclarecemos essa situação e foi aceita a ocupação”, frisou.

 

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO

A chefe do Núcleo Regional de Educação, Selma Camargo, afirmou que os diretores das escolas foram orientados na segunda-feira. “Um aluno ou alguém maior de idade tem que estar junto com eles para assumir a responsabilidade da ocupação por se tratar de prédios públicos”, destacou.

A orientação também foi para que os pais dos menores assinem um documento sobre o conhecimento da ocupação e se responsabilizem sobre tudo o que ocorrer no interior da escola. “Os professores estão sendo dispensados e depois veremos como ocorrerá a reposição das aulas”, declarou a chefe do Núcleo de Educação.

 

 

Até o fechamento desta edição, cinco escolas no litoral estavam ocupadas pelos alunos. Sendo elas, Colégio Estadual Paulo Freire, em Pontal do Paraná; Colégio Estadual José Bonifácio e Alberto Gomes Veiga, em Paranaguá; Colégio Estadual Zilda Arns Neumann, em Guaratuba; e Colégio Estadual Sertãozinho, em Matinhos.

 

PEC 241

A Proposta de Emenda Constitucional, de autoria do Poder Executivo, foi apresentada no dia 15 de junho deste ano e altera as disposições para instituir o Novo Regime Fiscal. A PEC prevê o congelamento pelos próximos 20 anos de despesas, a partir de 2017. Os valores só poderão ser reajustados de acordo com a variação da inflação. Mas, as mudanças nas áreas de saúde e educação só passariam a valer após 2018, no próximo governo.

 

MEDIDA PROVISÓRIA 746

No dia 22 de setembro, o Governo Federal apresentou a Medida Provisória 746 sobre a reforma do Ensino Médio. As mudanças geraram muitas discussões no País e é um dos principais motivos da ocupação dos jovens nas escolas. Entre as alterações está a de diminuir o conteúdo obrigatório para privilegiar áreas consideradas de concentração: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.

Outra mudança proposta para o Ensino Médio é o aumento da carga horaria, que hoje é de 800 horas anuais para 1.400 com ampliação do ensino em tempo integral. A Medida também influencia na contratação de profissionais, já que o documento prevê a permissão de pessoas de “notório saber” para dar aulas, o que para muitos é subjetivo e não valoriza o professor.

Para a Medida virar lei, ela precisará ser analisada por uma comissão especial do Congresso e ser aprovada pela Câmara e Senado em até 120 dias para não perder a validade.

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