Opinião

O Teatro e a Caixa d’Água

Política, Contratos e Contradições em Paranaguá.

Fotos: rede social Marcelo Roque e Folha do Litoral

Fotos: rede social Marcelo Roque e Folha do Litoral

A recente movimentação do prefeito Marcelo Elias Roque (PSD) para tentar rescindir o contrato com a Paranaguá Saneamento levanta mais perguntas do que respostas. Afinal, por que somente agora, quase ao final de seu segundo mandato, surge essa iniciativa? O histórico contraditório do prefeito aponta para um enredo político que parece ter mais a ver com narrativas eleitorais do que com um compromisso genuíno com o saneamento básico da cidade.

Uma assinatura que ecoa no tempo

Em 2017, no palco do Teatro Rachel Costa, Marcelo Elias Roque assinava o aditivo contratual que entregava os serviços de abastecimento de água e esgoto à Iguá Saneamento. Foi uma cerimônia pública, com pompa e circunstância, que contou com autoridades e representantes da concessionária. À época, não se ouviu menções a irregularidades ou preocupações com o contrato. Pelo contrário, a assinatura foi apresentada como um marco de avanço para o município.

Anos depois da assinatura, no entanto, o mesmo contrato é tratado como um fardo herdado de gestões anteriores. Uma narrativa que contradiz documentos oficiais da própria gestão, como o Ofício 1103/2017, que formalizou o processo de concessão. A questão que se impõe é onde estava o rigor jurídico e político naquele momento? E, mais importante, por que só agora o contrato se tornou um problema?

Intervenção ou estratégia política?

Não é a primeira vez que Marcelo Elias Roque tenta intervir na concessão. Em uma ação anterior, buscou romper o contrato com a Paranaguá Saneamento, mas foi derrotado na Justiça. Agora, apresenta à CAGEPAR um parecer como justificativa para a rescisão, um movimento que soa mais como uma manobra política de última hora do que uma solução real para o saneamento.

A Iguá Saneamento, por sua vez, segue operando com índices impressionantes com abastecimento de água universal e 97% de coleta de esgoto, colocando Paranaguá entre as cidades com maior cobertura de saneamento do país. Esses números não apenas desafiam a narrativa de ineficiência, mas também destacam a solidez da empresa no setor.

A narrativa do “herói” tardio

É inevitável questionar a motivação por trás da nova ofensiva contra o contrato. O prefeito, conhecido por sua habilidade em usar redes sociais para alavancar sua popularidade e angariar seguidores, parece estar construindo uma narrativa de “herói do povo” às vésperas de deixar o cargo. No entanto, essa tentativa de reescrever a história pode não encontrar ressonância em um eleitorado mais atento às contradições de sua gestão.

Um contrato que resistirá ao tempo

Por mais que o prefeito tente, a rescisão de um contrato como o da Iguá Saneamento não se dá por simples vontade política. A Paranaguá Saneamento já sinalizou sua disposição para defender o acordo dentro do que prevê a legislação, amparada por investimentos robustos e uma operação reconhecida nacionalmente.

Enquanto isso, fica a dúvida do que realmente há dentro dessa “caixa d’água” chamada gestão Marcelo Elias Roque com o saneamento em Paranaguá? Será que suas ações são pautadas pelo bem-estar da população ou por interesses políticos e eleitorais?

Os próximos capítulos desse teatro serão decisivos, mas uma coisa é certa “a verdade, assim como a água, sempre encontra um caminho para emergir”.

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