Recentemente, participei em Lille, na França, da Conferência Mundial promovida pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), representando a diretoria da Coamo Agroindustrial cooperativa.
A Conferência Mundial recebeu dezenas de autoridades de mais de 40 países dos cinco continentes, ligadas à cadeia produtiva da soja e discutiu várias questões referente a produção e fornecimento, incluindo também o papel dos governos e os riscos sociais.
Esta foi a primeira vez que o setor produtivo brasileiro esteve no evento, representado por seis cooperativas agrícolas – das quais cinco do Estado do Paraná- que, juntas produzem 11% da produção brasileira de soja.
Entendo ter sido muito importante a participação do nosso setor produtivo, haja vista a oportunidade para rebater várias críticas feitas ao Brasil no tocante a produção agrícola e ao meio ambiente.
Na oportunidade, mostramos ao mundo que o Brasil não é do jeito que eles pensam. Escutamos críticas de estrangeiros, de ONG´s e até mesmo de brasileiros, de pessoas mal-intencionadas que, com suas ideologias, retrataram um país que não cuida do meio ambiente, de terras estéreis e de agricultores que não usam tecnologia e estão empobrecendo, o que não é verdade.
Mostramos ao mundo a verdadeira situação do nosso país, a qual é bem diferente do cenário apresentado por essas pessoas mal-intencionadas. O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e vem aumentado a sua produção exatamente por contar com agricultores tecnificados e empreendedores, preocupados com a natureza.
Muitos países produtores de soja estão na verdade assustados com o crescimento agrícola do Brasil e fazendo de tudo para complicar e rebaixar a agricultura brasileira. Ao contrário do que eles tentam dizer, nós produzimos bem com responsabilidade e sustentabilidade.
Indagamos no evento se os representantes de outros países tinham o CAR [Cadastro Ambiental Rural] – que é um registro eletrônico e obrigatório para todos os imóveis rurais, que integra as informações ambientais das áreas de preservação permanente, áreas de Reserva Legal, das florestas, vegetação nativa, e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país- e ninguém tinha, por isso ficaram mudos.
Informamos também na oportunidade, que no Sul do Brasil 20% da área de uma propriedade rural é destinada para reserva legal – no Cerrado esse número sobe para 35% e na Amazônia é de 80% – e o agricultor não tem nenhuma remuneração por isso.
Trata-se de uma situação bem diferente do que vimos por exemplo, na Alemanha, onde 100 m² de pousio é subsidiado pelo valor de 6.000 euros, equivalente a cerca de R$ 25 mil. Diante da posição brasileira eles novamente ficaram silenciosos, haja vista que somente 7,3% da área brasileira é utilizada para uso da agricultura e o restante é ocupado com rios, matas, florestas e parques, enquanto que eles não têm mais área para plantio.
Destacamos na Conferência Mundial de Soja Sustentável como pontos relevantes a prática pelos agricultores brasileiros do sistema de Plantio Direto, que foi a revolução da nossa agricultura, e a devolução e destinação correta das embalagens vazias de defensivos agrícolas, onde o Brasil se destaca tirando do campo milhares de embalagens que poderiam prejudicar o meio ambiente.
Quando a gente vê notícias falando mal da agricultura brasileira é porque tem alguma coisa por trás, tem outros interesses. Tivemos um grande orgulho em mostrar na França para o mundo que o agricultor brasileiro faz e muito bem a lição de casa, que o nosso país é o que melhor cuida do meio ambiente no mundo. Diante dessa afirmação, eles ficaram em silêncio.
Eng.º Agr.º Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário da Coamo Agroindustrial Cooperativa, um dos precursores do Plantio Direto na região de Campo Mourão, segunda cidade no Brasil a implantar esta importante tecnologia na safra 1973/74.