Para muitas famílias, a verdadeira felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples, ou até mesmo no amor e na união, sentimentos que se fortalecem neste período de final do ano. São pessoas que aprenderam a dar valor ao trabalho, superando as mais diversas dificuldades com muita garra e vontade de vencer.
Dona Angelina Avelar mora no Jardim Esperança e acorda todos os dias às 5h30 para trabalhar. Ela deixa o café preparado para os filhos e netos e sai, percorrendo todas as ruas dos bairros Parque Agari, Jardim Ouro Fino, Comerciários e Vila Garcia, buscando materiais recicláveis.
É um trabalho árduo que acontece em dias de sol ou chuva. Na casa dela vivem sete netos e dois filhos. O marido foi embora quando a filha mais velha, hoje com 26 anos, era bebê. Foi naquele momento que ela começou a trabalhar com reciclagem, atividade que realiza até os dias atuais.
“Quando fiquei sozinha, passei a catar papelão, depois fui aprendendo a catar outros produtos e a separar para vender. Hoje vivo disso e não penso em parar, porque existem pessoas que precisam de mim. Graças a Deus tenho saúde para enfrentar tudo que aparece na vida”, contou ela, fazendo menção às dificuldades enfrentadas no dia a dia.
Dona Angelina é natural de Quatro Barras e veio morar em Paranaguá quando era adolescente. Foi abandonada pelo marido ficando com quatro crianças para criar. Não pensou em casar de novo, somente pedia a Deus todos os dias muita saúde para poder criar os filhos.
Hoje, com os filhos crescidos, a família aumentou. São 15 netos, sendo que a metade vive em sua casa. Mais experiente, dona Angelina na atualidade entende que seu trabalho é importante não apenas para sustentar a família como também para o meio ambiente.
Ela cata os produtos pela manhã, entre 6h e 10h. Em seguida retorna para casa e deixa preparado o almoço. A parte da tarde é dedicada para separar tudo que coletou e vender no final do mês. “Com o dinheiro do meu trabalho eu pago aluguel, a luz e sobra um pouquinho para comprar comida. Assim vamos vivendo”, ressaltou.
“Ela sempre foi mãe e pai. É uma grande guerreira que temos muito orgulho”, contou Jucimara, filha mais velha. Apesar da vida difícil, dona Angelina não esconde o sorriso e se considera uma mulher abençoada. “Eu agradeço todos os dias a Deus porque minha família é feita de amor. Não existe doença graças ao bom Deus. Todos nós somos felizes”, destaca.
No bairro Vila Garcia vive a família de Fabiana Gonçalves, de 38 anos, e José do Carmo Lima, de 48. A casa de madeira cercada de árvores foi construída por eles como resultado de 20 anos de trabalho.
Fabiana e José têm seis filhos com idades entre 6 e 20 anos, sendo que a mais velha está casada e não mora mais com eles. Natural de Paranaguá, a família tem uma história de lutas e vitórias.
“Meu marido sempre trabalhou e eu também nunca fiquei parada. Criar os filhos não é fácil, tem que acordar cedo e arregaçar as mangas. No começo a gente morava num quartinho alugado perto do porto, daí a família foi aumentando e tivemos que alugar uma casa. Mais tarde viemos aqui para a Vila Garcia e construímos a nossa própria casinha”, conta Fabiana.
A família vive há 16 anos no local e ressalta que a honestidade e o trabalho foram responsáveis para conquistar a vitória na vida. De acordo com eles, hoje a situação é de conforto. “Lembrando tudo que já passamos, hoje só temos que agradecer. É isso que nós ensinamos para nossos filhos para que estudem e sejam honestos sempre. A única coisa que podemos deixar para nossos filhos são os bons exemplos”, destacou.
