Luiz Maranhão (PSB), irmão do atual vereador e vice-prefeito eleito, Arnaldo Maranhão, fez 868 votos na eleição de outubro. Foi a primeira vez que ele buscou concorrer a um cargo eletivo na Câmara de Vereadores, tendo o êxito esperado logo em sua estreia em termos de campanha eleitoral. Funcionário concursado no Porto de Paranaguá há 28 anos, na função de guarda portuário, projetou a campanha com a bandeira da defesa dos interesses de todos os portuários.
Eleito, ele deixa claro que seu foco estará em honrar aquilo que discursou ao longo dos 45 dias de campanha. Firme em seus posicionamentos, Luiz Maranhão fala em cobrar melhorias da entrada da cidade e respeito ao trabalhador portuário. Nesta entrevista, concedida com exclusividade à reportagem da Folha do Litoral News, ele descreve ainda que atuará no sentido de ser um elo entre o Poder Público e as questões que venham a envolver o desenvolvimento portuário local, a fim de que ele gere mais riquezas e postos de trabalho à população parnanguara.
Folha do Litoral News: Qual é a sua expectativa para fazer parte desta nova legislatura na Câmara de Vereadores?
Luiz Maranhão: A expectativa, como não poderia ser diferente, é muito boa. Estou ansioso para começar a trabalhar para a cidade naquilo que se refere ao Poder Legislativo local. Durante o período de campanha, andei bastante pela cidade e vi as carências da nossa população, principalmente nas áreas da saúde e da empregabilidade, uma vez que temos muitos jovens sofrendo com o desemprego. Por isso, mais do que nunca, será preciso modificar tal situação para que pais e mães deixem de sofrer com a falta de perspectiva para seus filhos. Já na área da saúde pública o problema é muito grave, pois houve um completo abandono no setor. Ou seja, precisamos mover esforços para fazer com que a população não fique à mercê de unidades de saúde sem a estrutura condizente para o atendimento aos seus usuários.
Folha do Litoral News: O senhor pretende defender alguma bandeira com mais afinco?
Luiz Maranhão: Sim, a portuária. Pretendo integrar a comissão de assuntos portuários visando, assim, a facilitar a entrada dos investimentos necessários para o crescimento da atividade. Quero, deste modo, ser um elo entre o Poder Legislativo e as iniciativas que venham a existir para que novos terminais e armazéns adentrem a área destinada à expansão portuária em Paranaguá. Penso que este é o momento ideal para o Poder Legislativo estar engajado a causas em comum com o Poder Executivo, Aciap, Ministério Público e demais órgãos ou organizações para que a cidade ofereça, cada vez mais, emprego e renda para sua população. Até aonde eu sei há muitas empresas interessadas em se instalar em Paranaguá, mas para que isso de fato aconteça será preciso a união de esforços para que consigamos atrair os investimentos para cá.
Folha do Litoral News: Como o senhor buscará retribuir o apoio recebido pela classe dos portuários?
Luiz Maranhão: Eu tive um apoio significativo da categoria à qual pertenço. E um dos motivos para ter recebido o apoio maciço foi o meu posicionamento de defender esses trabalhadores contra os abusos sofridos. Afirmo que nunca na história do Porto de Paranaguá houve um desprezo e uma humilhação tão grandes como na situação atual. Cito como exemplo o ditado popular que diz assim: pau que bate em Chico não bate em Francisco, ou seja, o tratamento dado aos portuários é diferente daqueles que são dados aos cargos comissionados da empresa pública. Para se ter uma ideia da diferença de tratamento, cito as faltas ao trabalho por parte de cargos comissionados, mas que não sofrem descontos em sua folha de pagamento. Afirmo que há cargo comissionado que não aparece para trabalhar há muito tempo, mas seu ganho mensal está lá assegurado em sua integralidade. Já o portuário que falta tem, de forma justa, o desconto pelo não comparecimento ao local de trabalho. Relato ainda uma situação que foi igual, mas com desfechos diferentes. Um portuário bateu o veículo do porto e foi imediatamente cobrado pelo prejuízo, no entanto, me causa indignação que o mesmo procedimento de cobrança não foi feito quando um funcionário, cargo comissionado, bateu um carro do porto. A esse não foi cobrado absolutamente nada pelo prejuízo causado à empresa pública Appa.
Folha do Litoral News: Por que o senhor acredita que isso aconteça?
Luiz Maranhão: Não sei dar um porquê, mas sei que o privilégio vai ter que acabar. O curioso é que estamos recebendo da chefe de divisão de recursos humanos da Appa uma cartilha que trata sobre a ética e comportamento, justamente ela que no período em que a cidade sofreu com a dengue disse ter contraído a doença, se afastou, não apresentou qualquer atestado comprovando o problema de saúde e, mesmo assim, recebeu seu salário de forma integral. Gostaria de saber dela o que ela entende por ética. Outra coisa que gostaria de entender é por que apenas 10% dos cargos comissionados do porto são para parnanguaras. Os 90% restantes, ou aproximadamente 90 cargos, são para pessoas de Curitiba que levam daqui o dinheiro que poderia circular em nossa cidade, em nosso comércio.
Folha do Litoral News: Como o senhor pretende avaliar o Poder Executivo tendo seu irmão, Arnaldo Maranhão, como vice-prefeito?
Luiz Maranhão: É uma situação que me parece inédita, pois tanto o prefeito como o vice têm irmãos na Câmara dos Vereadores. Mas, obviamente que analisaremos as questões da cidade pensando no melhor para a cidade. Ou seja, daremos apoio a tudo o que entendermos como benéfico para o município, sendo que havendo situações discordantes vamos, sem medo de criar problema em casa (risos), rejeitar. Mas, aqui, deixo claro que farei parte da base de apoio do governo municipal, porque acredito na dupla formada pelo Arnaldo e pelo Marcelo, mas tenho total tranquilidade e independência para afirmar que o pensamento se voltará para a cidade e sua população.
Folha do Litoral News: De que forma o senhor acha que o trabalho dos vereadores poderá resultar em melhorias para a população parnanguara?
Luiz Maranhão: Eu acredito em trabalho em conjunto e não feito de forma isolada. Um vereador, sozinho, não terá a força de um colegiado, por isso será preciso uma união de esforços e pensamentos para que tenhamos uma cidade mais estruturada e mais condizente com as nossas expectativas, enfim, se faz necessário elevarmos a autoestima do parnanguara. Além disso, precisamos que sejamos mais respeitados pelo Governo do Estado, pelas autarquias e pelas pessoas que estão vivendo de Paranaguá e achando que isso aqui é um quintal da casa deles. Temos que cobrar as melhorias para a entrada da cidade e para as vias como a Avenida Bento Rocha e Avenida Ayrton Senna. Por falar em Ayrton Senna, onde estão os viadutos prometidos? Paranaguá precisa ser respeitada e os recursos para a cidade precisam ser pedidos com muita firmeza, pois nada seria deste Estado, em termos de riquezas, sem que houvesse o Porto de Paranaguá e seus trabalhadores locais. Estamos ouvindo falar que será construída uma estrada em Antonina, no valor de R$ 150 milhões, nada contra a estrada, mas será que Paranaguá não deveria ser a prioridade máxima em razão do fluxo de caminhões que por aqui passam? É por isso que me refiro à união do Legislativo, de todos, para que consigamos as conquistas que a cidade merece e precisa. E, por fim, ao falar em Avenida Ayrton Senna, temos que buscar o respeito da Concessionária Ecovia com Paranaguá, pois esta concessão precisa abranger toda a extensão da Avenida Ayrton Senna, ou seja, até o km 0, no portão de entrada do porto.