Projeto “Cultura da Paz” nas escolas já mostra resultados positivos

A violência no Brasil é uma das maiores preocupações da sociedade, especialmente pelo impacto na juventude. Os índices de insegurança, de acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) aumentaram nas últimas décadas e os homicídios estão entre as principais causas de morte entre homens jovens de 15 a 39 anos. Para mudar essa realidade, a Unesco tem incentivado ações que envolvam a cultura da paz com o objetivo de construir uma convivência mais pacífica.

E a mudança tem sido pensada com as escolas. A Secretaria de Educação do Paraná (Seed), em cooperação com a Unesco, tem realizado o projeto Cultura da Paz, implementado em Paranaguá, primeiro município a receber a iniciativa nas escolas estaduais. A intenção é minimizar situações de violência e risco para estudantes da rede pública estadual de ensino.

Com a implantação do projeto neste ano, o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Paranaguá, Adauto Felix Santana, afirmou que já tem observado efeitos positivos, especialmente no índice de frequência dos alunos.

“O trabalho das nossas equipes junto com o consultor da Unesco e com as comunidades escolares já possuem alguns resultados positivos. Tivemos um aumento no índice de frequência nas escolas, são cerca de 2 a 3%, o que parece pouco, mas no nosso Núcleo representa cerca de 800 alunos, por isso é um número significativo. Passamos a ver que a melhora do clima escolar propicia melhor aprendizagem e a participação maior dos nossos estudantes”, destacou Adauto.

O projeto Cultura da Paz é desenvolvido nas 25 escolas estaduais localizadas em Paranaguá. “Já foi feita uma reunião mais abrangente com todas as escolas estaduais do município e são realizadas, atualmente, reuniões em parceria. Uma bem legal que aconteceu agora foi entre o Colégio Porto Seguro e o Colégio Carmem Costa. Eles se reuniram para o desenvolvimento coletivo de ações que ambas as escolas poderiam desenvolver para fomentar a cultura da paz. Foi muito interessante porque eles puderam compartilhar as ações”, contou Adauto.

A iniciativa pode ter ações diferentes de acordo com a realidade de cada região e bairro em que a escola está inserida. “Também houve recentemente um encontro que envolveu o Colégio Prof. Maria de Lourdes Morozowski, o Zilah Batista, o São Francisco e o Bento Munhoz da Rocha, que atendem regiões próximas ao porto, fomentando a parceria e visando ações coletivas”, disse o chefe do Núcleo.

Construção das ações

O projeto começa com o professor consultor da Unesco apresentando a proposta às escolas. “A partir daí, são construídas as ações. Existem os objetivos bem traçados que visam a melhorar o clima escolar e o clima da comunidade envolvida, a relação social e humana, e melhorar o espaço escolar. Algumas comunidades trazem os seus anseios, suas características e assim se constroem as ações que podem ser diferentes, são pensadas pelos que vivenciam essa realidade todos os dias visando o mesmo objetivo que é desenvolver a cultura da paz”, frisou Adauto.

Os bons resultados são atribuídos à participação dos estudantes em todo o processo. “Quando fazemos essas ações temos a participação dos estudantes, professores, agentes educacionais, o que tem sido muito bom. Principalmente, porque a educação e a cultura da paz são pensadas no aluno pelo aluno. Muitas vezes, de discutir educação sem perguntar ao aluno o que ele acha e o projeto traz esse contexto de como o aluno enxerga a problemática e as possíveis soluções e como ele pode agir para avançar nisso”, relatou Adauto.

Com o sucesso do projeto Cultura da Paz em Paranaguá, a iniciativa poderá ser implantada nos outros municípios do Estado. “Dada a diversidade do Núcleo de Paranaguá e do município com toda essa cultura presente, nós fazemos o fomento a ampliação desse projeto a nível de toda a rede estadual, o que envolve mais de um milhão de alunos em todas as escolas do Paraná”, finalizou o chefe do Núcleo Regional de Educação.