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Educação

Estudante é a primeira com paralisia cerebral a se formar na UFPR Litoral

Emanuelle Aguiar venceu as barreiras e concluiu curso de Licenciatura em Geografia

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Foto: Arquivo pessoal

A estudante Emanuelle Aguiar de Araújo, de Matinhos, acaba de deixar um legado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), setor Litoral: o seu exemplo. Ela é a primeira estudante da instituição com paralisia cerebral a se formar em Geografia, superando as barreiras da deficiência e levantando a bandeira da educação inclusiva e de luta contra o capacitismo.

Além do diploma de Licenciatura em Geografia, Emanuelle é tecnóloga em Gestão de Recursos Humanos e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná (Coede/PR) eleita para o mandato até 2024. Atualmente, ela trabalha como auxiliar administrativo em um hotel e atua como tutora em um curso de Desenho Universal para a Aprendizagem no Programa de Extensão Tertúlias Inclusivas do Pampa. 

“Eu sinto orgulho de toda a minha trajetória até aqui, não é fácil ser uma pessoa com deficiência em uma sociedade que ainda é tão capacitista e que vê os nossos corpos como um problema. Ser a primeira mulher com paralisia cerebral a conquistar o diploma na UFPR setor Litoral só prova o comprometimento da instituição com o desenvolvimento local e que somente a educação inclusiva tem o poder de transformar a vida das pessoas com deficiência”, disse Emanuelle.

Segundo ela, o apoio da universidade foi fundamental para superar as dificuldades. “Na minha vida as barreiras sempre estiveram presentes, elas existem porque os espaços historicamente não foram pensados para as pessoas com deficiência ocuparem. Eu fui da primeira turma de licenciatura em Geografia da UFPR setor Litoral, então, era tudo muito novo tanto para os educadores quanto para nós estudantes, com o apoio e diálogo entre o Setor de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis – SEPOL e a coordenação do meu curso fomos buscando alternativas para as adaptações nas atividades avaliativas que eram necessárias”, contou.

“Os meus objetivos profissionais agora são continuar na área da pesquisa”, afirmou Emanuelle
Foto: Arquivo pessoal

Inspiração

Com a conquista, Emanuelle fica para a história da instituição e se torna inspiração para os demais estudantes. “Nos últimos 10 anos venho atuando na luta para que os direitos das pessoas com deficiência sejam garantidos, isso só vai acontecer com a participação das próprias pessoas com deficiência. Tenho esse compromisso pessoal de abrir as portas e quebrar as barreiras ainda existentes para que as outras pessoas com deficiência que venham depois não passem pelas coisas que tive que passar”, destacou Emanuelle.

Com o diploma em mãos, ela contou quais são seus próximos objetivos. “Os meus objetivos profissionais agora são continuar na área da pesquisa sobre educação inclusiva e contribuir para a transformação dos espaços educacionais”, concluiu Emanuelle.

Experiência

A diretora da UFPR Litoral, Elisiani Vitória Tiepolo, afirmou que a estudante é um orgulho para a universidade e que os aprendizados obtidos no ensino ficarão como experiência.  

“Especialmente sobre o fato de que a inclusão não pode ser apenas uma proposta em um Projeto Político Pedagógico; mas é um compromisso diário de lutas que garantam que todas e todos sejam acolhidos na universidade tendo, de fato, as condições estruturais e pedagógicas que garantam o direito de estar aqui, desde a entrada à permanência. E isso se faz com políticas institucionais fortes. Ainda temos muito a fazer, a conquistar como instituição, mas ver Manu formada nos dá imensa alegria e nos fortalece para continuarmos a buscar cada vez as condições adequadas de acolhimento aos estudantes que virão, inspirados e inspiradas por Manu, a estarem aqui na universidade”, disse Elisiani.

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