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Educação

Além da educação: professora fala da missão de ensinar e cuidar de seus alunos

Para Claudia Dayana Laurindo Costa, cada estudante é um filho que precisa aprender com atenção e carinho

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Antigamente, os professores tinham que expressar autoritarismo e seriedade. Hoje, essa figura mudou e a sociedade exige que esses profissionais e as escolas sejam lugares de acalento, cuidado e compreensão para que os estudantes possam se desenvolver dentro dos seus direitos, expressando suas vontades e construindo sua visão de mundo. 

Claudia Dayana Laurindo Costa é uma dessas professoras que entende que o papel do professor transcende o bê-a-bá ensinado em sala de aula. Ela leciona há 17 anos, começou sua carreira em Curitiba, onde nasceu, mas foi o litoral que escolheu para exercer sua profissão e educar seus filhos. A família composta por muitos docentes foi sua maior influência. 

“Já tinha uma influência na família. Minha tia começou nessa profissão e na época era muito difícil, as mulheres não saiam muito para o mercado de trabalho e ela foi uma grande influência para os filhos e sobrinhos. Depois dela, vieram muitos professores na nossa família”, contou Claudia.

“Meus alunos são como filhos, um amor incondicional”, revelou Claudia
Foto: Arquivo pessoal

Claudia é professora na Escola Municipal João Rocha dos Santos, em Paranaguá, onde atua com uma turma de Educação Infantil; e também na Escola Municipal Elias Abrahao, em Matinhos, com uma turma do 2.º ano do Ensino Fundamental.

“Escolhi o litoral para ser o meu lar, para criar os meus filhos e aqui reiniciei minha carreira. Hoje, moro em Matinhos, trabalhei em colégio particular, até que passei em uma seletiva do Sesc Paranaguá e passei a trabalhar com educação infantil. Aprendi muito e agregou muito ao meu profissional. Enquanto estava no Sesc, abriu concurso para o município de Paranaguá e consegui me classificar e onde estou há quase seis anos”, relatou a professora.

Segundo ela, a escola é o lugar onde ela deixa conhecimento, mas também onde tira aprendizados. “Aprendo muito com a comunidade, com as crianças, com os professores, cada lugar que a gente passa a gente não deixa só o conhecimento, mas também aprendemos muito. Me sinto completa como professora, estou cada dia mais feliz. Trabalhando em dois municípios eu tenho visões diferentes e aprendo nos dois lugares”, ressaltou Claudia.

Registro das cartinhas recebidas diariamente pela professora nas escolas onde leciona
Foto: Arquivo pessoal

Questionada sobre o que mais gosta na sua profissão, ela não deixa dúvidas. “O que mais gosto na minha profissão são as crianças, esse contato com elas é maravilhoso. É onde a gente gasta e recarrega as energias ao mesmo tempo. Cada crescimento, cada evolução, às vezes um simples traçado que a criança consegue realizar, a gente se realiza enquanto profissional. É uma satisfação maravilhosa, é muito abraço, carinho, é muito amor para dar para a gente”, disse Claudia.

Todos os dias, ela leva para casa cartinhas feitas pelos alunos. “Eu saio carregada de cartinhas todos os dias, tenho uma relação maravilhosa com as minhas crianças, são elas que me motivam a viajar todo dia para Paranaguá. É maravilhoso ver o desenvolvimento delas, a alegria em conseguir ler uma sílaba, na educação infantil vemos o quanto eles saem com conhecimento de mundo. A minha causa são as crianças”, destacou.

Valorização 

Mas, a profissão também tem desafios. O maior deles hoje, de acordo com ela, é lidar com a desvalorização da profissão e tentar mudar esse conceito. “O maior desafio da profissão hoje é mostrar o quanto a educação é fundamental para a vida. A gente vê essa falta de valorização da educação. É triste ver que não há o desejo nas crianças em ser professor, hoje em dia parece que virou a última opção. A gente precisa divulgar a importância do professor. Uma sociedade sem educação vira barbárie, precisamos formar cidadãos melhores”, afirmou Claudia.

Em uma pesquisa com alunos do 2.º do Ensino Fundamental, Claudia teve a grata surpresa de que dos 25 estudantes, oito manifestaram o desejo de ser professor. “Hoje eles têm acesso a carreiras multimilionárias de tiktokers e jogadores de futebol, a criança tem esse sonho de ser famoso, mas quando vi isso fiquei muito feliz, fazia tempo que não tinha esse retorno positivo”, contou Claudia.

Novos filhos a cada ano

A cada ano letivo, ela afirma que ganha novos filhos. “É como se a cada ano eu ganhasse 25 filhos novos e eu quero sempre que todos estejam bem, com saúde, se desenvolvendo. A gente sabe que muitas crianças passam por situações de vulnerabilidade que deixam a gente muito triste, são situações que ninguém deveria passar e isso nos afeta também. A gente busca sempre sanar todos os problemas, encaminhar o que for preciso para que as crianças tenham todos os direitos preservados e cresçam felizes e seguras”, frisou Claudia.

A certeza que está na profissão certa acontece quando ela recebe uma carta de alunos dizendo que se espelham nela. “Quando escuto uma criança lidar com a outra com empatia, com cuidado; quando pego o caderninho lá do começo do ano e olho quanto evoluiu, quanto essa criança tem para oferecer, eu consigo enxergar esse desenvolvimento na fala, na leitura, na compreensão de mundo; quando eu escuto no fim de semana na praia uma criança me chamando e vindo me abraçar, gostando de me ver mesmo no fim de semana, tudo isso me recarrega”, lembra.

Recado aos professores 

“Digo aos meus colegas de profissão que persistam, pois o educar não é difícil, mas é toda a bagagem que vem com isso. Às vezes tudo que a criança tem é aquele momento com a gente, um abraço que a gente dá é tudo que ela vai ter de carinho naquele dia. A gente não pode desistir, temos que trabalhar com muito amor, que é a chave para tudo. O amor conserta e cura tudo e os nossos alunos precisam disso. Sei que parece meio ilusório, mas eu sou uma professora esperançosa. Que Deus abençoe todos os professores e escola, que a gente seja mais valorizado dentro da nossa profissão”, concluiu a professora Claudia.

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