O dia 18 de maio é o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual. A data foi instituída em 2000 e a escolha se deve ao assassinato de Araceli, uma menina de oito anos que foi drogada, estuprada e morta por jovens de classe média alta, no dia 18 de maio de 1973, em Vitória (ES). Em Paranaguá, um seminário foi realizado com a participação de vários setores da sociedade para debater o tema em busca da prevenção e combate ao abuso e exploração sexual.
O 2.º Seminário de Enfrentamento às Violências Contra Crianças e Adolescentes foi realizado no auditório do Isulpar, na manhã de quinta-feira, 18. O evento contou com a presença da rede de proteção à criança e ao adolescente, estudantes de escolas estaduais e municipais, profissionais da área de saúde, educação e assistência social, além da comunidade em geral.
A palestra de abertura foi da doutora em Serviço Social e coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos, Jucimére Isolda Silveira. Ela é professora na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), no mestrado de Direitos Humanos e Políticas Públicas e no curso de Serviço Social. Em seguida, a palestra de encerramento foi do delegado do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime) de Paranaguá, Emanuel Brandão.
O prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque, lembrou da integração dos serviços de atendimento realizado hoje no Centro de Atendimento Integrado para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência (Caicavv), inaugurado em 2021, um espaço que ampara e dá segurança às vítimas.
“É uma satisfação estar com vocês e falar de um tema tão importante. A nossa função enquanto gestor é atingir todas as camadas da população de Paranaguá. Inauguramos o Caicavv em 2021 com a intenção de proteger a integridade das crianças e das famílias. Hoje, o atendimento às vítimas está todo no mesmo local, é o único que existe no Paraná, servindo de exemplo para outros municípios”, frisou Marcelo.
A secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, destacou a importância de denunciar os casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. “Abrimos a discussão no evento para jovens, para a rede de proteção, para profissionais que atuam com crianças e adolescentes para informar sobre os canais de denúncias. O dia 18 de maio tem esse marco de levar que o combate ao abuso sexual deve ser acessível e deve ser denunciado”, enfatizou Ana Paula.
A secretária municipal de Saúde, Lígia Regina de Campos Cordeiro, explicou que o atendimento às vítimas de abuso sexual é realizado de forma humanizada e com todos os profissionais necessários. “Vivemos em uma realidade em que há a necessidade de ter a união entre saúde, assistência, educação, Conselho Tutelar, Procuradoria, uma união que começou há muito tempo e que conseguimos desenvolver. Hoje temos o Caicavv, com uma equipe da saúde composta de psicólogo, enfermeiro, fonoaudiólogo e outros profissionais para dar a primeira atenção à criança vítima de abuso, com um atendimento humanizado e depois o caso é tratado com todos os elementos da rede da saúde”, disse Lígia.
A secretária municipal de Educação, Tenile Xavier, disse que há um trabalho em conjunto, já que muitos casos são denunciados através das escolas. “O estudante tem a segurança no seu professor para que relate o que tem passado. Por ter no professor e na escola essa segurança é que desenvolvemos cursos de capacitação. Neste momento, os profissionais da rede municipal fazem curso de escuta especializada para que a criança não seja revitalizada e para que os órgãos competentes possam dar todas as providências necessárias”, afirmou Tenile.
Palestra
A professora Jucimére abordou durante o evento a atuação não revitimizante de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. “Maio é um mês de sensibilização e abordar com a sociedade e profissionais da área a importância de ações preventivas para enfrentar a violência que, infelizmente, no Brasil é muito grande. Milhares de crianças e adolescentes são vítimas de violência, especialmente em casa, onde pais deveriam proteger seus filhos. O objetivo é tentar encontrar saídas, crianças e adolescentes são sujeitos de direitos em fase peculiar de desenvolvimento. É preciso agir de forma integrada”, afirmou a palestrante.