Quase três anos depois do crime, a data para o júri popular de Everton Vargas, o homem que confessou ter atirado na youtuber Isabelly, deve finalmente ser anunciada.
Em setembro de 2019, a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), por unanimidade, manteve a decisão que leva Everton Vargas, acusado de matar a adolescente Isabelly Cristine Domingos dos Santos, a julgamento popular.
O crime aconteceu na madrugada de 14 de fevereiro de 2018, em Pontal do Paraná, quando Everton realizou seis disparos contra o carro em que estava a vítima. Ele foi denunciado por homicídio qualificado e porte ilegal de arma de fogo.
Em fevereiro de 2019, uma decisão do 1.º grau de jurisdição determinou que o acusado fosse julgado pelo Tribunal do Júri. Em virtude da pandemia do novo Coronavírus a data do júri ainda não foi definida, mas ao que tudo indica, será ainda em 2021.
Advogada da Família
“Tivemos um denso caminhar processual neste caso. Após inúmeros recursos defensivos, inerentes ao direito de defesa do acusado, os Tribunais Superiores de Brasília rechaçaram a tese da defesa e mantiveram intacta a decisão de pronúncia que determina a remessa do caso para julgamento pelo júri popular por homicídio qualificado. Atualmente, as partes foram intimadas para apresentar as testemunhas que serão ouvidas em plenário do júri, o que indica que, em breve, teremos a data do julgamento designada. A expectativa da assistência da acusação é que o acusado, que está preso desde a data do fato, passe pela pedagogia da justiça, seja julgado pela população e, finalmente, condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Pontal do Paraná”, informa Thaise Mattar Assad, advogada assistente de acusação.
Mãe da Youtuber luta por Justiça
O crime chocou a sociedade. Isa, como era conhecida, tinha um sonho de se formar em jornalismo e seguir a carreira. Sua mãe, Rosania Domingos Santos, está na expectativa para o dia do júri popular e de uma possível condenação de Everton Vargas. “Sei que um dia ele (Everton Vargas) vai sair, mas minha filha não vai sair do cemitério. Eu creio na justiça e sei que não vão me desamparar, nem a mim, nem a minha família nem a quem amava a Isa. Por isso que eu luto há quase 3 anos e não vou desistir. Vou sair daquele júri acreditando que a justiça dos homens existe”, relatou a mãe da youtuber.
Sempre que fala da filha, Isabelly, e também quando lembra da fatídica noite em que o crime aconteceu em Pontal do Paraná, Rosania se emociona e deixa um recado a todos. “Que sirva de lição para muitos que bebida e armas não combinam, que sair com a família armado não é responsabilidade. Minha filha morreu inocente, sem saber o porquê e do quê. Não houve brigas para eles se sentirem ameaçados de onde não havia ameaças. Hoje sei que minha filha não volta mais, irei passar com essa dor até meus últimos dias, mas ele tem que pagar por esse ‘erro’, sim erro que ele mesmo falou, erro porque não foi um filho deles”, desabafa.
O júri popular se aproxima e deve acontecer este ano, quando o caso completará 3 anos. Rosania segue lutando por justiça e espera a condenação de quem matou sua filha. “Uma mãe que perde um filho da forma mais cruel, como perdi, não tem mais vida. Um pedaço meu está lá com ela. Eu sempre acreditei na justiça de Deus, mas também na justiça dos homens. Eu procurei gritar todos os dias por justiça e prometi isso a minha filha naquela hora de dor e irei cumprir. Para mim foi um crime cruel. Hoje quero justiça e para mim o júri popular é só uma resposta a nós, pai e mãe, e para toda sociedade que amava e ama a Isa. Está próximo e eu creio no júri popular e a condenação de quem cometeu o erro”, concluiu Rosania.
RELEMBRE O CASO
A youtuber Isabelly Cristine Santos, de 14 anos, muito conhecida na região, foi atingida por um tiro na cabeça, na madrugada de 14 de fevereiro de 2018, em Pontal do Paraná, na PR-412 no Balneário Shangri-lá. Ela voltava de uma entrevista realizada em uma casa noturna no balneário Santa Terezinha junto com a mãe, o motorista e um colega que ajudava nas gravações. A youtuber chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital Regional do Litoral (HRL), mas não resistiu. Os irmãos Vargas foram indiciados pelo crime alguns dias depois.
Leia também: Operação Litoral realiza atendimentos do TJPR a veranistas e moradores