A sobrecarga de trabalho e o esgotamento devido a essa sobrecarga, que pode desencadear a Síndrome de Burnout, estão chamando a atenção de profissionais em diversas áreas do trabalho. Durante a pandemia, os casos aumentaram exponencialmente devido ao isolamento e após o retorno às atividades.
A Folha do Litoral News conversou com a psicóloga, Dra. Silvia Fernandes da Silva, que atende em Paranaguá em uma clínica e também no Hospital Regional do Litoral. A profissional destacou como a síndrome se manifesta e quais seus sinais aparentes. “Primeiramente a síndrome de burnout vem do inglês “burn out” que traduzido significa queimar por completo, e de fato é esta a sensação que o corpo do indivíduo que sofre desta síndrome, sente. É um distúrbio psíquico causado por esta exaustão extrema, sendo relacionado ao trabalho deste indivíduo. Os efeitos/sintomas da síndrome irão interferir em todas as áreas desta pessoa, podendo ser sintomas físicos ou emocionais, podendo apresentar: cansaço mental e físico de forma excessiva, disfunção sexual, perda de apetite, insônia, irritabilidade e agressividade, dores no corpo e na cabeça e inúmeros outros”, contou.
A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir. Essa síndrome pode resultar em estado de depressão profunda e por isso é essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas.
Dra. Silvia, destacou que os profissionais da área da saúde, policiais e professores são as profissões, hoje em dia, mais propensas a desenvolver a síndrome de burnout. “Com a pandemia, houve um aumento no diagnóstico desta síndrome, tendo em vista que a sobrecarga profissional aumentou devido ao isolamento e também após o retorno das atividades. É difícil citar quais profissões são as mais afetadas por esta síndrome, porém, cito que os profissionais que estão envolvidos com o público e possuem grande carga de responsabilidade, como os da área da saúde, policiais e professores, por exemplo, possuem uma propensão maior a desenvolver burnout”, relatou a psicóloga.
A ausência de momentos de relaxamento e características pessoais de perfeccionismo contribuem para o aparecimento de sintomas, pois a mente fica em alerta o tempo todo, causando exaustão. “Um dos fatores que contribuem para o aparecimento do burnout é o excesso de trabalho e a maneira deste ser cobrado e a competitividade para bater metas. Também é importante relatar que, não possuir um momento de relaxamento adequado e não ter um relacionamento onde exista um diálogo mútuo entre os colaboradores, influencia de forma significativa para o aparecimento desses sintomas”, disse a Dra. Silvia.
De acordo com a psicóloga, pessoas muito empáticas também estão mais sujeitas ao desenvolvimento da síndrome. “Podemos chamar isso de empatia excessiva, que ocorre quando refletimos como um espelho exatamente o outro e absorvemos todas as dores destes, como uma esponja que absorve a água. Você acaba deixando de sentir o seu para sentir o outro e perde o controle disso. Você vive em função do que o outro vive. Um termo muito falado nas mídias sobre o assunto é a “positividade tóxica”, onde possui a crítica do indivíduo ter um discurso excessivamente otimista, sendo este, um comportamento facilmente observável na atualidade e presente nas mídias”, explicou a profissional.
O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso. Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida. “A síndrome de burnout tem como tratamento a busca por um psicólogo para realizar psicoterapia e um psiquiatra, dependendo dos sintomas que acometeram o indivíduo e possam estar o impedindo de realizar alguma atividade de necessidade básica (ex: dormir, comer)”, pontuou.
Segundo especialistas, a pandemia contribuiu com o aumento de casos de burnout. “Com certeza durante e após a pandemia os casos de burnout aumentaram significativamente, devido às incertezas que invadiram a vida de todos, devido a Covid-19, pelo medo de empresas fecharem e do desemprego e principalmente pelo emocional estar instável devido a essas incertezas que acometeram o mundo todo”, frisou a psicóloga.
A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout é estratégica que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início. Outra conduta muito recomendada para prevenir a Síndrome de Burnout é descansar adequadamente, com boa noite de sono (pelo menos 8h diárias). É fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas.