Dia da Mulher

Mulher na Engenharia: professora do IFPR Paranaguá é referência para estudantes

Elas representam cerca de 20% dos profissionais na área

Mulher na Engenharia

Marina Grabarski é professora na área de Engenharia Mecânica

As mulheres representam cerca de 20% dos profissionais com registro nas diversas áreas da engenharia no Brasil, segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Graduada, mestre e doutoranda em Engenharia Mecânica, Marina Grabarski, é professora no Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus Paranaguá, e referência para meninas que ingressam no curso.

Marina se formou pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e, logo após a graduação, com apenas 23 anos, passou no concurso do IFPR.

Por que a Engenharia?

A escolha por um curso na área de exatas veio, inicialmente, como uma influência da família, além de suas aptidões percebidas desde a infância. 

“Quando eu lembro dos meus gostos na infância, eu sempre gostei muito de bicho. Gostava de cachorro e eu queria fazer veterinária. Mas, entra naquele envolvimento de gostar demais para conseguir trabalhar com isso. Meu irmão mais velho fez Engenharia Elétrica e eu tinha afinidade com a área. Primeiro, me inscrevi em Engenharia Química, não passei, mas passei em Engenharia Mecânica. Não foi uma paixão antes de entrar no curso, mas hoje eu amo essa área. A minha curiosidade era, principalmente, em Química e Física”, explicou Marina.

Meninas na Engenharia

Marina conta que já lecionou para turmas com cerca de 30% de meninas, outras, no entanto, apenas formada por meninos. “A maioria sempre são homens. Tive pouquíssimas alunas e tive várias turmas só com meninos. Quando eu era aluna, acho que eu via menos dificuldades, a gente falava muito menos do papel da mulher no trabalho, tanto que o contato que eu tive com o feminismo, foi depois que eu entrei aqui. Hoje eu vejo que sim, eu passei por momentos que foram difíceis, que não tive apoio, que talvez pudesse ter recebido um suporte, mas também recebi muito acolhimento de vários professores”, disse Marina.

O fato de ser mulher, jovem e recém-chegada como professora em um curso com público majoritariamente masculino, foi um desafio. “Quando a gente é mulher tem uma questão que as pessoas duvidam um pouco que você saiba do assunto mesmo. As pessoas, naturalmente, acham que o homem sabe mais relacionado a área de exatas. Eu senti que eu tive que vencer duas barreiras ao mesmo tempo. Hoje eu me sinto segura aqui, também tem isso da gente construir a nossa imagem”, destacou Marina.

Hoje, ela é referência para as estudantes que, assim como ela, escolheram a área de engenharia. “Muitas me falam que foi legal ter uma professora, de ter sido minha aluna, de ter um exemplo feminino. Elas me buscam para conversar, tiram dúvidas, se sentem à vontade em sala. Mas, isso também traz uma responsabilidade. Quando eu olho para trás, eu vejo que passei por situações que eram de machismo, fizeram menos de mim por ser mulher. 

Marina defende grupos de trabalho heterogêneos, com homens e mulheres, mas salientou a importância do olhar feminino dentro da Engenharia. “O valor está em ser diferente e a gente conseguir expressar isso e, junto, construir alguma coisa. Eu trago uma visão diferente, sou uma pessoa mais detalhista, organizada. Não que toda mulher seja assim”, frisou a professora.

Mulher na Engenharia
“As pessoas naturalmente acham que o homem sabe mais relacionado a área de exatas”, disse Marina

Lugar de mulher é onde ela quiser

Seja na área de exatas, humanas ou biológicas, a professora salienta que a mulher pode escolher a área que quiser e ser a profissional que quiser. 

“As redes sociais ajudaram bastante, desde a minha formação, vi muita evolução nessa área, muita conversa. Eu acho que isso é expor uma situação que você vê e se identifica, que o suporte dentro das universidades ajudou também. As meninas de hoje têm muito mais consciência de todas as possibilidades que a gente tem do que eu tive quando entrei na faculdade. Fico muito feliz por esse panorama estar melhorando. Dá uma esperança para a gente”, enfatizou Marina.

Ela reitera que não existe função que a mulher não possa desempenhar. “A gente pode o que a gente quiser, é sempre importante a gente lembrar aquela frase: lugar de mulher é onde ela quiser. Não existe restrição nenhuma para acessar essas áreas. A engenharia é uma área muito legal, sou apaixonada pelo o que eu faço. Às vezes as pessoas falam que será difícil, mas vai ser incrível, porque essa vontade da gente saber como as coisas funcionam e ver funcionando, e muitas vezes você criar, e colocar em prática é muito legal”, declarou a professora.

Marina incentiva as alunas e também deixa uma mensagem para aquelas que ainda não decidiram sobre a profissão. “Invistam na área e enfrentem essas dificuldades que a gente vê com, talvez, pouca receptividade, machismo, essas portas que ainda não estão completamente abertas. É importante a gente se cercar de pessoas que sejam um apoio para ficar mais leve”, aconselhou.

Sobre a Engenharia

A Engenharia Mecânica se divide em algumas áreas, como Fabricação, Materiais, Ciências Térmicas, Resistência de Materiais e Gestão de Produção. 

“Os cargos de gestão trabalham muito com a parte administrativa e cargos que vão trabalhar dentro de uma fábrica, com produção. Aqui na região de Paranaguá a gente vê muito a questão de logística portuária, movimentação de cargas. Em todas essas áreas existem espaços para a Engenharia. Tem muita área que recebe esse profissional”, afirmou Marina.

Engenharia Mecânica no IFPR

O IFPR Paranaguá tem o curso técnico integrado em Mecânica, que recebe alunos que terminaram o 9.º ano do Ensino Fundamental para fazer o Ensino Médio junto com o curso de Mecânica.

“As meninas são muito bem-vindas. Esse curso dura quatro anos e ele capacita, ao final do curso, a pessoa como Técnico em Mecânica. Será um prazer receber essas pessoas, estamos de portas abertas para quem quiser conhecer também. Gostaria muito que as meninas viessem conhecer todas as possibilidades que a Mecânica tem”, finalizou 

Fotos: Folha do Litoral News

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.