Na história do rádio no Brasil, as mulheres tiveram um papel de protagonismo. Na década de 1920, Maria Beatriz Roquette-Pinto foi uma das primeiras locutoras do Brasil, ao mesmo tempo em que seu pai Edgard Roquette-Pinto realizava as primeiras transmissões oficiais com autorização do governo, no Rio de Janeiro. De acordo com estudos divulgados pela Aerp (Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná), a história do rádio acompanha a emancipação das mulheres.
Na época, as mulheres viviam um contexto diferente do observado hoje. Na década de 1920, elas precisavam da autorização da família para trabalhar, não podiam frequentar alguns ambientes e o rádio era um deles. Para isso, muitas utilizavam nomes artísticos e pseudônimos como forma de autoproteção aos julgamentos presentes na sociedade.
Felizmente, essas mulheres ajudaram a construir um futuro diferente e hoje há várias locutoras, apresentadoras e jornalistas que mostram isso. No litoral do Paraná, a voz de Bárbara Rodrigues representa as mulheres e leva alegria, entretenimento e informação aos ouvintes. A frente do programa “Do que elas Gostam”, na Ilha do Mel FM, todos os sábados, Bárbara traz conteúdos do universo feminino, sem deixar de dar o protagonismo que elas precisam e mostrar seus direitos. Além disso, ela também está de segunda a sexta-feira no programa Super Manhã, na mesma emissora.
Trajetória no rádio
Bárbara conta que sua carreira começou na rádio Serra do Mar, em Antonina. “O diretor da rádio era o padre Luiz Gonzaga Peres, pároco da cidade de Morretes, onde eu moro. E eu cantava na igreja e em casamentos. Um dia ele comentou que tinha uma vaga na rádio e eu aceitei o desafio. Foi em dezembro de 2001. Passei por um treinamento durante um mês e em janeiro de 2002 fui contratada. Lá foi minha escola, onde aprendi locução, aprendi a gravar comerciais e editar. Foram seis anos intensos. Fiquei até julho de 2008”, relatou Bárbara, que está no 2.º ano do curso de Jornalismo.
Ainda em 2008, ela foi contratada para trabalhar na Rádio Litoral Sul FM, em Paranaguá, onde ficou por três anos, com um grande desafio. “Comecei no programa da madrugada substituindo um locutor que estava em férias. Mesmo morando em Morretes, aceitei o desafio e encarei o horário da meia noite até 5h da manhã. Eu precisava mostrar meu trabalho de algum jeito e se foi essa a oportunidade, agarrei com todas as minhas forças. Depois passei por todos os horários e por todos os programas da emissora. Sempre achei importante o locutor ter essa habilidade de poder comunicar para vários públicos. De manhã uma locução mais popular, voltada para as donas de casa, de tarde uma locução mais jovem e rápida, de noite (normalmente programas românticos) uma locução mais sensual, lenta e envolvente”, contou Bárbara.
Em agosto de 2011, ela iniciou na Rádio Ilha do Mel FM, onde permanece à frente de dois programas da emissora. “Hoje apresento um programa diário das 9h da manhã ao meio dia que se chama Super Manhã, ao lado do Gabriel José, onde atendemos os pedidos dos ouvintes, falamos dos do mundo dos famosos, fazemos enquetes para interagir mais com o nosso público e tudo isso regado a muita música e bom humor. Eu saio de casa todos os dias para dar o meu melhor no ar. Acredito que os ouvintes merecem! Em agosto completo 12 anos nessa emissora e tenho muito orgulho de trabalhar aqui. Temos uma equipe maravilhosa, dedicada e muito competente”, frisou Bárbara.
“Do que elas Gostam”
Segundo ela, o programa “Do Que Elas Gostam” tem como objetivo informar o público feminino. “Foi uma iniciativa do José Leonardo Linhares, diretor geral da nossa emissora. Um dia ele me chamou para conversar e disse que sentiu a necessidade da rádio levar mais informação para o universo feminino, já que temos bastante audiência das mulheres. Montamos o projeto e o roteiro, definimos a plástica do programa, escolhemos o nome e partimos para a ação. Em setembro de 2020 entrou no ar, pelo rádio e também pelo Facebook e canal do YouTube da emissora”, destacou Bárbara.
De mulher para mulher
Já foram 114 programas e mais de 170 mulheres entrevistadas. “Sobre os mais variados assuntos como saúde mental, maternidade, política, empreendedorismo, assédio, discriminação, violência, assuntos sérios e que nos fizeram refletir. Também falamos sobre moda, estética, cabelos, consultoria de imagem, bem-estar, esporte, alimentação, assuntos leves, mas que também tem a sua relevância no universo feminino. Ainda continuamos na busca para desvendar Do Que Elas Gostam todo sábado das 10h às 11h da manhã”, ressaltou.
Por meio do programa, Bárbara divide com o público os dilemas das mulheres e se inspira com as histórias de força e superação. “Eu amo ouvir histórias, eu amo perguntar, sou muito curiosa. Naquele momento minha convidada é a estrela do programa. Eu me envolvo, eu choro junto, eu dou risada e eu aprendo muito. As histórias me inspiram demais. São tantas histórias lindas que seria impossível dizer que uma só me marcou. Cada uma delas contribuiu na minha vida. E eu sempre digo que se fizer a diferença em apenas uma mulher que seja, que acompanhou o programa, o nosso objetivo já foi cumprido e eu estou feliz”, observou.
Para ela, mulher é sinônimo de força. “A gente nasce mulher e já começam os desafios. Não tem um dia sequer que a gente não precise provar a nossa capacidade de fazer as coisas. E com as experiências da vida é preciso que a gente se posicione e assuma nosso lugar de direito”, reiterou Bárbara.
Maternidade
Bárbara também é mãe de Yasmin, de 12 anos, e afirmou que a maternidade lhe trouxe muitos ensinamentos. “Ela é a minha luz, o meu sol, a minha princesa. A maternidade me ensinou que meu coração pode bater fora do meu corpo. É um amor tão grande, que transborda. Você começa a querer deixar um mundo melhor para ela e para os que virão. Você quer fazer o bem e ajudar mais pessoas para ser exemplo para a sua filha. Eu acho que estou no caminho certo. As atitudes de Yasmin me mostram isso e me deixam com o coração quentinho, sabe?”, finalizou a radialista.
