A cultura é ampla e não deve ficar enclausurada e ser um privilégio de poucos, ela deve ser acessível a todos, desde museus históricos como os que são a céu aberto. É com esta premissa que foi criado o Museu Urbano do Fandango Caiçara (MUFACA), iniciativa que visa propiciar o acesso à cultura caiçara para a população parnanguara, com realização de pinturas em diversos locais de Paranaguá a céu aberto, algo que já foi iniciado na Ilha dos Valadares, com duas obras, uma delas intitulada “Menino que virou Mestre”, em homenagem ao Mestre Zeca da Rabeca, ícone do fandango e da cultura parnanguara.
Segundo Giovanni Negromonte, o “Gio Negromonte”, advogado e artista do projeto, o MUFACA “visa criar murais/pinturas urbanas em homenagem aos importantes mestres/mestras do Fandango da região de Paranaguá e do Litoral do Paraná em geral, construindo, através das artes, monumentos públicos que fortalecem a memória social e promovem a valorização da cultura popular caiçara”, completa. “Ao homenagear essas figuras – mediante a produção de pinturas com informações dos personagens, seu vínculo com território e seus devidos valores históricos – o projeto buscar contribuir para a construção da memória social e coletiva, enaltecendo pessoas que são/foram importantes para existência, continuação e salvaguarda do Fandango Caiçara”, explica Gio.
“A iniciativa busca não só enaltecer a cultura popular local, mas também criar um circuito de arte a céu aberto, contribuindo para a memória social e coletiva da comunidade. O projeto embeleza a cidade e promove a identificação e valorização dos elementos culturais locais, incentivando o turismo e a construção de rotas de turismo criativo para visitação dos painéis”, afirma Negromonte.
Ilha dos Valadares
Um dos centros culturais de Paranaguá é a Ilha dos Valadares, local onde tradições resistem e o fandango é parte integrante do cenário. Foi lá que foram feitas duas pinturas do Museu Urbano. O primeiro mural, chamado “Baile no Mar”, foi realizado com o apoio do edital de fomento à cultura da Lei Paulo Gustavo (2023) do município de Paranaguá. E o segundo mural, chamado “Menino que virou Mestre”, foi realizado de forma independente com recursos próprios.
“Esse mural do ‘Menino que virou Mestre’ ainda não é a homenagem principal e definitiva para o mestre Zeca. Na verdade, nesse primeiro momento do projeto ainda estamos trabalhando o Fandango a partir dos seus elementos de identificação e outras formas poéticas relacionados ao modo de vida da cultura caiçara”, ressalta o artista.
E a homenagem não ficará somente com o Mestre Zeca. “Estamos avaliando e aguardando um melhor momento para que, com uma melhor estrutura, consigamos fazer os painéis principais em homenagem aos mestres(as). Deste modo, estamos aguardamos uma melhor oportunidade para retratar em painéis o Mestre Zeca da Rabeca, o Mestre Romão, o Mestre Aorélio Domingues, o Poro de Jesus, o Mestre Nemésio, o Mestre Miguel Mamangava, entre tantas outras pessoas que são importantes para essa construção do processo de reprodução da cultura do Fandango Caiçara”, detalha.
Em um terceiro momento, o foco é expandir o projeto para além de Paranaguá, chegando ao litoral todo nos municípios de Guaraqueçaba, Morretes, Antonina, Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba “que também possuem em seu modo de vida práticas de reprodução ligadas ao Fandango – medida útil e necessária para o projeto aumentar a força do impacto da sua tentativa de valorização e contribuição para a salvaguarda da cultura popular e dos modos de saber, fazer e viver do nosso território caiçara”, complementa.
Painéis em outros locais de Paranaguá
“O MUFACA já está trabalhando na expansão de seus murais na região da Ilha dos Valadares e também para outros locais da região onde a cultura caiçara se reproduz. A descentralização da Arte Urbana é essencial para garantir que todas as comunidades tenham acesso à cultura e à memória local, não apenas as áreas centrais de Paranaguá. Nesse sentido, a ideia é que o MUFACA se torne um circuito cultural que envolva diferentes pontos da cidade de Paranaguá e da região, destacando a riqueza cultural caiçara em lugares que muitas vezes são marginalizados”, ressalta Negromonte.
Segundo Gio, o projeto não embeleza apenas a cidade como um todo, mas também cria um senso de pertencimento e valorização entre moradores das regiões, assim como promove o turismo cultural e fortalece o vínculo da população com sua própria história. “A arte pública é uma poderosa ferramenta de transformação social, pois ao ser distribuída de forma equitativa pela cidade, reforça a identidade cultural e promove o senso de pertencimento”, completa.
Como ajudar o projeto
Negromonte salienta que todos podem fazer parte do movimento focado na preservação e valorização da cultura caiçara, contribuindo para o fortalecimento da memória coletiva da região. “Empresas podem apoiar o projeto através de patrocínios, doações de materiais ou até oferecendo serviços que ajudem a viabilizar os murais e oficinas. E as pessoas físicas podem contribuir como voluntários, ajudando na organização de eventos, mutirões de pintura ou divulgando o projeto”, diz.
“Quem quiser apoiar pode entrar em contato diretamente através das redes sociais do projeto (instagram @mufaca.oficial), através do e-mail: [email protected], [email protected], [email protected] ou pelo contato telefônico (41) 99660-0660 / (41) 99224-7168”, finaliza o artista Gio Negromonte.