Iniciativa poderá ser feita com testes desenvolvidos pela UFPR Litoral
Na última semana, a Prefeitura de Matinhos anunciou um acordo junto à Universidade Federal do Paraná – Litoral (UFPR Litoral) para a produção de testes de detecção da Covid-19. O objetivo é realizar uma testagem em massa do Coronavírus no município. Segundo o município, a parceria foi estabelecida em reunião por videoconferência entre representantes da Secretaria Municipal de Saúde, Procuradoria-geral do município e UFPR.
De acordo com a UFPR, os testes serão desenvolvidos por uma equipe coordenada pelo professor Luciano Huergo e vão apresentar o diagnóstico ao paciente em menos de 15 minutos. “Como as pessoas infectadas podem transmitir o vírus mesmo na ausência de sintomas, é importante a agilidade em detectar a contaminação pelo vírus”, explica a Prefeitura.
A universidade ressalta que não se trata de um teste rápido, mas sim laboratorial, com precisão de resultados de forma efetiva e com custo acessível. “À época de seu desenvolvimento, em junho do ano passado, o valor unitário era calculado em cerca de R$ 10,00”, explica a assessoria.
“Para se fazer o exame, é necessário recolher uma baixa quantidade de sangue da pessoa – cinco microlitros. Uma lanceta parecida com um aparelho que mede o nível de glicose em diabéticos é usada para a coleta. Após ser colhida pelo laboratório, a amostra é incubada com o antígeno viral, que é uma substância que gera anticorpos. Depois, são feitas as lavagens. Na sequência, é usado um revelador: se a pessoa for portadora do vírus, a cor do material é alterada”, afirma a Prefeitura.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Paulo Henrique de Oliveira, o projeto está em fase de criação, com reconhecimento de documentos. De acordo com o gestor, o prefeito Zé da Ecler determinou a máxima prioridade na condução deste assunto e que “a população será avisada assim que as atividades envolvendo a Prefeitura e a universidade tiverem início”, informa.
Sobre o teste
Segundo a assessoria da UFPR, o teste da Covid-19 foi criado pelo professor Luciano Huergo, que desenvolveu uma nova tecnologia de diagnóstico da doença pelo método imunológico. “Desenvolvi um sistema de microbeads, nesse sistema as proteínas virais ficam mobilizadas em um suporte sólido, onde detectamos IgG na amostra. O resultado é colorimétrico. Em 15 minutos e custo estimado de produção cerca de 10 reais”, explica o pesquisador.
“Não encontramos no mercado produto similar que seja capaz de detectar dois antígenos com tanta rapidez, escalabilidade e preço. O fato de as proteínas estarem em solução e não fixadas em um substrato seco, como teste imunológicos tradicionais, reduz o número de falsos positivos. Além disso, o uso de nanopartículas e reagentes cromogênicos especiais aumenta a sensibilidade de detecção do nosso método”, afirma Huergo. O professor afirma que o método de diagnóstico imunológico é capaz de detectar IgG com um micro litro de soro ou sangue, pode ser realizado em placas de 96 poços com tempo de separação. “O resultado do teste é observado por mudança de cor”, informa a UFPR.
“Temos opção de produzir também um teste duplo capaz de detectar IgG contra dois antígenos virais (proteína N e proteína S1), assim, a confiabilidade do teste aumenta com redução de falsos positivos. As proteínas virais usadas como antígenos são de fabricação própria, o que reduz os muito os custos dos testes.”, afirma.
Em julho do ano passado, Huergo ressaltava que a sensibilidade e especificidade do teste foi de 100%.“Além disso, precisamos de parceiros para escalonar produção, conjugar a forma de produção com ergonomia para o usuário final, desenvolver layout de caixas de transporte, frascos, registro na ANVISA e rede de produção, distribuição e comercialização”, relatou na época.
“Pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Molecular da UFPR – Setor Litoral, compararam a performance do teste imunológico para a Covid-19 desenvolvido pela equipe com a do teste Elisa tradicional (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), considerado padrão ouro para ensaios imunológicos. A conclusão foi de que o método paranaense é mais preciso e mais rápido. Além disso, o estudo revela que a nova tecnologia tem potencial para ser utilizada em pontos de atendimento de saúde e pode ser adaptada para o diagnóstico de outras doenças”, finaliza a UFPR.
Com informações da Prefeitura de Matinhos e UFPR Litoral
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