Coronavírus

Butantan esclarece possível vacinação anual contra a Covid-19

Vírus passa por mutações que geram novas variantes de preocupação

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O avanço da vacinação e o surgimento de novas variantes do vírus trouxeram consigo dúvidas sobre a necessidade de uma imunização contínua temporalmente contra a Covid-19. Na terça-feira, 21, o Instituto Butantan divulgou um esclarecimento trazendo respostas quanto à seguinte pergunta: o surgimento de variantes do SARS-CoV-2 vai tornar a vacinação contra o Coronavírus atual e com atualização dos imunizantes, conforme ocorre com a vacina da gripe? O instituto científico trouxe vários apontamentos quanto a esta dúvida. Confira: 

“Evidências científicas demonstram a necessidade de doses extras para grupos de risco, mas ainda não há comprovação de que os imunizantes vão precisar ser reformulados a cada ano para melhorar sua proteção, como o que ocorre com a vacina da influenza”, informa o Butantan. Segundo o instituto, tal fato ocorre porque as vacinas anti-Covid já demonstraram “que o contato com diferentes variantes do novo Coronavírus pouco altera a imunogenicidade dos imunizantes”, explica, ou seja, a eficácia contra a Covid-19 prevalece mesmo com o surgimento de novas cepas.

Segundo a assessoria, com a vacina da Influenza a situação é diferente, pois a resposta imune é afetada a cada nova mutação, e, “por isso uma nova vacina é criada anualmente”, detalha o diretor do Laboratório Multipropósito do Instituto Butantan, Renato Astray. “Apesar de serem vírus transmitidos por via respiratória e terem um comportamento epidemiológico parecido, os vírus influenza e SARS-CoV-2 são bastante diferentes. O vírus da influenza tem uma capacidade de se tornar pandêmico e a resposta imune muda de acordo com as mutações. Já o vírus da Covid-19 passa por mutações que geram as variantes de preocupação, mas as vacinas desenhadas pelo vírus original ainda preservam a imunidade”, completa.

Vacinação contra a gripe pode ser modelo

Apesar das diferenças, o Butantan afirma que a vacinação contra a Influenza pode servir de modelo com relação à imunização periódica contra o Coronavírus. Tal apontamento foi feito pelo pesquisador Arnold S. Monto, do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em artigo publicado no The New England Journal of Medicine. O cientista afirma que a frequência de revacinação e consequência precisarão ser definidas, pois, de acordo com Monto, “está claro que a revacinação será necessária, pelos mesmos motivos que a revacinação contra influenza: variação antigênica (surgimento de variantes) e diminuição da imunidade”, aponta.

“Dado o desfile de variantes, sua transmissibilidade variável e a preocupação contínua com as mudanças antigênicas que afetam a proteção da vacina, acredito que agora deve ficar claro que não é possível eliminar este vírus da população e que devemos desenvolver planos de longo prazo para lidar com ele depois que os picos insuportáveis são totalmente controlados. A pandemia e a influenza sazonal fornecem os modelos mais apropriados para ajudar no desenvolvimento de estratégias futuras”, completou.

Idosos

De acordo com Astray, com relação aos grupos mais vulneráveis ao Coronavírus, como os idosos, por exemplo, a vacinação anual poderá beneficiar esses públicos e deverá ocorrer antes do Inverno, como no caso da Influenza. “Me parece que a estratégia de revacinação dos idosos anualmente possa ser estabelecida para que, ainda que não seja contra uma variante diferente, e a vacina seja feita com base no vírus original, ela promova a geração de uma grande quantidade de anticorpos no começo do inverno. Talvez esse reforço vacinal seja necessário para um grupo de risco”, finaliza.

Com informações do Instituto Butantan

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