A morte súbita de um ciclista no litoral do Paraná, ocorrida enquanto praticava a atividade no dia 22 de agosto, na BR-277, trouxe à tona um assunto que merece atenção. O caso acendeu o alerta dos profissionais para que os praticantes de atividades físicas intensas, mesmo com experiência e atenção, redobrem os cuidados com a saúde para evitar lesões ou problemas ainda mais sérios que podem ser fatais.
Orientações profissionais
A educadora física, Daniela Cristina Kleinhans, disse que, com o aumento da prática de alguns esportes como ciclismo, corrida e lutas, também aumentou a preocupação dessas práticas sem orientação. “Temos que ter consciência que não basta comprar um tênis ou uma bicicleta e sair por aí. Alguns cuidados importantes devem ser tomados. Por exemplo: passar por avaliação médica; procurar orientação nutricional; no caso da corrida, o tipo de tênis ideal; no ciclismo, tamanho e regulagem da bicicleta é importantíssimo; e incluir treinamento muscular e funcional com uma boa orientação”, lembrou Daniela.
Iniciantes
Cada indivíduo deve passar por uma adaptação gradativa em qualquer atividade ou esporte. “Devemos salientar que iniciante é toda pessoa inativa ou que está a mais de seis meses sem treinamento. A falta de orientação pode acarretar em vários problemas e lesões pré-existentes. É muito comum as pessoas iniciarem e precisarem interromper o processo por conta desses problemas, por não dosarem a frequência dessas atividades ou esportes”, afirmou a educadora física.
Há seis anos atuando nessa área, Daniela contou que é muito comum acompanhar a ansiedade de alguns alunos em emagrecer. “Muitos querem atingir em meses resultados fantásticos, sendo que durante anos foram inativos. Para essas pessoas temos que ter o cuidado em aconselhar a busca por resultados gradativos, sem pressa, pois o que faz a mudança ser saudável, é a constância, paciência e disciplina. Sempre busque bons profissionais para adquirir bons hábitos, saúde e longevidade”, salientou.
Alerta
O médico do esporte, Fernando Willington, explicou que a avaliação pré-participação esportiva é individualizada, de acordo com o histórico de cada paciente. “Precisamos levar em conta a idade, doenças crônicas ou pregressas, história familiar e o nível de atividade física atual”, informou.
Segundo ele, todas as pessoas precisam passar por uma avaliação antes de iniciar uma atividade.
“Devemos fazer uma avaliação médica sempre que formos iniciar uma atividade física, complementando com exames conforme a necessidade. Reavaliações periódicas se fazem necessárias, geralmente anuais, podendo ter um intervalo menor na presença de sintomas durante a prática esportiva como dor torácica, falta de ar, cansaço excessivo, palpitações, tontura e desmaio, e após a infecção por Covid-19”,
A avaliação se faz importante para reduzir o risco de uma morte súbita cardíaca no esporte. “Que são eventos de morte súbita de origem cardíaca revertida ou não revertida que ocorre durante o esporte ou até uma hora após”, ressaltou Fernando. “Como foi dito, o nível de atividade física, tanto quantidade quanto intensidade, é um fator relevante em como proceder a avaliação. Muitas vezes se faz necessário uma avaliação mais complexa para diferenciarmos adaptações cardíacas conhecidas como coração de atleta de doenças cardíacas”, completou o médico.
A avaliação pode ser feita por qualquer médico, mas normalmente é realizada pelo médico da família, clínico, cardiologista ou médico do esporte.
Foto: Pixabay