Dente do siso: extrair ou não extrair?

O terceiro molar ou dente do siso ou dente do juízo ganhou as mídias nesses últimos dias por conta do óbito de uma menina de 18 anos, caso relatado no Fantástico (programa de Televisão aberto, da Rede Globo). E desde então muitos questionamentos sobre a real
necessidade ou não da extração desse dente surgiu na população em geral. A partir disso,
decidi trazer informações relevantes e decisivas para você saber se deve ou não remover esse dente, qual o melhor momento para isso e o que pode acontecer se não remover o siso.

Na evolução humana, a arcada dentária tem diminuído o número de dentes necessários
para mastigação. Nossos ancestrais se alimentavam de comida mais dura e crua, por isso precisavam de mais dentes para efetiva mastigação. Nos dias atuais, nossos hábitos
alimentares mudaram e nossa alimentação é basicamente de alimentos cozidos e menos
duros. Nossa força e eficiência mastigatória é menor e a mesa mastigatória também.

Precisa-se então de uma boca reduzida para acomodar menos dentes e com isso, muitas vezes, não há espaço para o terceiro molar.

Quando erupcionados, esses dentes costumam se alojar “tortos”, alterando a posição alinhada dos dentes “normais” da mastigação. Isso, acaba dificultando a higiene, facilitando formação de cáries, gengivas sangrantes e até pericoronarites ( infecções graves bacterianas).

Desta forma, o siso quando está em boca, precisa ter avaliado como está a sua posição e se está ou não fazendo algum malefício ao paciente. Existe um número bem reduzido de pessoas que tem o siso no seu espaço ideal na boca e este não traz prejuízo nenhum.

Há casos, onde o dente não chega a erupcionar (aparecer na boca) e o paciente acredita não possuir os dentes do siso e descreve isso como “sorte”. Acontece que mesmo não aparecendo, os sisos podem causar outros danos a região que ele se aloja. Mesmo intraósseo, ele pode danificar a raiz do dente mais próximo, pode desenvolver infecções bacterianas severas, cistos e até tumores. Só saberemos ao certo se o paciente tem ou não siso após os seus 16 anos e através de um exame radiográfico simples: a Panorâmica.

O siso, é um dente que “nasce” tardiamente na boca de uma pessoa. Ou seja, não nascemos com ele e ele não cresce junto aos outros dentes. Ele tem um “crescimento” tardio. Normalmente entre 16-19 anos. Por isso, apelidou-se de: dente do juízo. Por que ele erupciona na idade do “Juízo”. Sendo assim, a melhor idade para remove-lo é entre 15 e 16 anos. Quando sua formação ainda não está completa. Ele ainda não tem raiz. Facilitando a cirurgia e diminuindo o risco de traumatizar alguma estrutura perto importante (como o nervo alveolar inferior). Após essa idade, quanto mais novo melhor, por que a densidade óssea é baixa e a regeneração tecidual é mais rápida.

Nos adultos, a cirurgia pode se tornar menos ou mais complexas de acordo com alguns fatores: a idade, o tamanho do dente, posição na arcada, presença ou não de inflamação, dor, sangramento, abertura de boca, problemas de saúde em geral e etc. É muito importante que os adultos entendam que a cirurgia por si só já tem seu grau de complexidade, por isso evitar ter dor ou inflamação é muito importante. Remover o siso antes de qualquer “sinal” de vida dele é bem melhor. Significa que não está comprometendo nada ao redor e por isso ainda não tem sinais de dor. Sempre: não esperar ter dor, dor é sinal de infecção / inflamação.

O intuito desse texto foi para ser informativo e esclarecedor. Tentei trazer as dúvidas mais pertinentes e recorrentes que tenho no dia- dia clínico. Em suma, é sempre bom procurar um profissional qualificado e preparado para realizar a cirurgia, se programar para fazer o pós-operatório corretamente, usar a medicação quando necessário, fazer os exames radiográficos e respeitar toda a conduta que o profissional lhe passar. Todas as cirurgias têm seus riscos e alguns riscos não são previsíveis por isso, fazer tudo corretamente diminui as chances de algo dar errado.

Dra. Marcelli S. S. Camargo. CRO: 100.890
CENO: Clinica Odontologica Prótese, Implante e Estética.