O projeto “É doando que se vive”, idealizado pelo Ministério Público do Paraná em parceria com a Prefeitura de Paranaguá, foi encerrado na tarde de quinta-feira, 31. A ideia foi ampliar o debate sobre a doação de órgãos para alunos do 3.º ao 5.º ano da rede municipal de ensino para que se tornem agentes de transformação na sociedade.
Desde o mês de agosto, com o auxílio de uma equipe da Secretaria Municipal de Educação, estudantes participaram de uma série de atividades, usando como ferramentas gibi, jingle, teatro de fantoches, produção de vídeos, entre outras, para levar a mensagem que pode salvar vidas.
A promotora Dra. Camila Adami Martins, da 4.ª Promotoria de Justiça de Paranaguá, contou sobre o início da campanha no município.
“Tive acesso à estatística de que 43% das famílias com potenciais doadores recusam a doação. Também existe uma lei federal que prevê a importância de falar sobre a doação de órgãos no ambiente escolar. Chamei a Secretaria Municipal de Educação para verificar se o tema era tratado nas salas de aula e propus uma campanha. Junto com a Secretaria de Comunicação abraçamos a causa com louvor e executaram de forma brilhante, de forma lúdica, porque é um tema que pode parecer pesado, por parecer que estamos falando de morte, mas na verdade quando falamos de doação de órgãos, falamos de vida”, disse Dra. Camila.
Segundo a promotora, um dos passos mais importantes do projeto foi ter virado uma política pública, garantindo que as crianças sejam conscientizadas sobre o tema anualmente nas escolas municipais. “Um dos resultados mais importantes foi o projeto ter virado lei, aprovado na Câmara de Vereadores, acredito que o prefeito até já tenha sancionado, vai virar uma política pública no município, será algo curricular para crianças de 8 a 11 anos, que levarão isso ao seu ambiente familiar e serão agentes multiplicadores. A receptividade nas escolas sempre foi muito grande, as crianças estavam muito interessadas no tema e tenho certeza de que elas serão excelentes multiplicadoras”, enfatizou Dra. Camila.
A Câmara de Vereadores de Paranaguá aprovou, no dia 14 de outubro, o projeto de lei que cria o programa de conscientização para doação de órgãos.
PROJETO FOI BEM ACEITO NA COMUNIDADE
O diretor da Escola Municipal Professor João Rocha dos Santos, Thiago Casas, destacou o envolvimento da comunidade escolar
O diretor da Escola Municipal Professor João Rocha dos Santos, Thiago Casas, relatou as atividades que os alunos realizaram durante esse período com o projeto. “O projeto foi magnífico, conseguimos mobilizar o bairro, fazer a ação em parceria com outras escolas, algo muito bonito e com muito valor. A escola João Rocha realizou um teatro sobre o tema e uma caminhada, junto com a Escola Francisca, no Jardim Esperança, passamos pela zona sul de Paranaguá e divulgamos a toda a comunidade escolar. As crianças hoje dizem que são doadoras de órgãos e o intuito é divulgar aos pais”, destacou Thiago.
A superintendente de Planejamento Educacional da Secretaria Municipal de Educação, Tenile Xavier, ressaltou que o objetivo foi alcançado.
“Estamos muito felizes em participar dessa iniciativa e mais felizes pelo desempenho e a forma como as escolas abraçaram esse projeto. Todos se dedicaram, levaram a mensagem para as crianças, inovaram. Tenho certeza de que essa mensagem ficará no coração das crianças e vão levar para as suas famílias”, frisou Tenile.
Diversas formas de abordagem foram utilizadas para transmitir a mensagem aos alunos. “A ideia inicial seria trabalharmos um teatro, a partir daí eles usaram músicas, histórias, vídeos, cartazes, pesquisas, de uma maneira divertida e mais descontraída e mais leve para tratar da doação de órgãos”, salientou Tenile.
CRIANÇAS ABRAÇARAM A IDEIA
A aluna do 5.º ano da Escola Municipal Professor João Rocha dos Santos, Francielle Ster Neponuceno, aprovou o projeto e já está replicando a informação. “Para nós foi muito bom, gostamos muito porque o projeto foi se desenvolvendo e a gente foi ficando muito feliz. Vamos ser doadores de órgãos porque tem gente que precisa. Já passei para a minhas famílias, para os meus colegas, amigos e todos gostaram”, afirmou Francielle.
Uma mascote também foi criada para a campanha, como contou a aluna do 5.º ano da Escola Municipal Professora Rosiclair da Silva Costa (CAIC), Alana Caroline Rodrigues Cordeiro.
“O projeto foi muito bom porque é uma forma de espalhar para mais pessoas doarem e a gente foi elaborando teatros, postamos vídeos no YouTube e no Facebook. Fizemos o “Caicão”, o símbolo da campanha, ele passa na casa dos professores e alunos deixando um coração que é um imã de geladeira. Doar órgãos é muito importante a todos porque há muitas pessoas doentes precisando”, frisou Alana.
Projeto virou lei e passará a ser desenvolvido nas escolas municipais anualmente
JINGLE DA CAMPANHA
O cantor Igor Brenaz lançou a música oficial da campanha “É doando que se vive”, ele é padrinho da ação e acompanhou algumas atividades nas escolas junto com as crianças.
“Só tenho a agradecer todo o carinho que tiveram comigo em poder ser o padrinho oficial da campanha e também por poder contribuir de alguma forma com o projeto. Sempre quis participar de um projeto social como este e foi uma experiência única só de ver as crianças cantando minha música, felizes, mostra que temos que acreditar no potencial delas, é muito verdadeiro e tenho certeza de que elas vão passar a todos essa mensagem”, destacou Igor.
DADOS
Dados divulgados em novembro do ano passado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos indicam que a recusa da família é a principal causa da não doação de órgãos no País, o que representa cerca de 43% da não concretização de doação de potenciais doadores.