Terminada a Copa do Mundo, promoção que envolveu em emoções quase todo o planeta Terra, o único povo, que agora vive as alegrias da grande conquista, os franceses, veneram com orgulho o título de campeões do mundo de futebol.
Sem dúvida, é justa essa euforia, resultado da competência e decisão dos jogadores que bem representaram sua pátria nos campos russos, que não fraquejaram em momento algum até a hora final em que, gloriosos, ergueram a cobiçada taça aos olhos do mundo. Quanto a nós, brasileiros, despertados do pesadelo do fracasso no futebol, a despeito do repetido pregão de melhores jogadores do mundo, retornamos à realidade dos novos caminhos que começam a ser abertos.
Caminhos pedregosos cujos cicerones travestidos de milagreiros insistem em nos convencer de que possuem as chaves dos segredos que abrirão para nós as saídas em direção ao progresso e à paz social cujos benefícios serão divididos igualmente entre todos os brasileiros. Esses milagreiros nos prometem educação melhor ao alcance de todos; saúde garantida com atendimento humano para toda a população, sobretudo para os carentes tão necessitados há tanto tempo.
Segundo as promessas, não mais veremos as longas filas nos corredores de atendimento médico de pobres criaturas cujos rostos refletem a angústia pela falta de socorro aos seus males.
Entre os milagres prometidos, ressaltam-se criteriosos meios para impedir a repetição dos escândalos financeiros que vêm abalando o país e que parece ser generalizada. As campanhas já estão praticamente nas ruas. As fotografias sorridentes, os gestos amistosos com o povo, os afagos às crianças, os brados de protestos contra a atual situação do Brasil, tudo enfim se encaminha para a encenação de um filme já visto por todos nós, cujo epílogo desgastado só provoca descrédito e melancolia.
Nossa única esperança reside na vontade do povo de acordar, recordar e, finalmente, discordar das falsas ilusões agregadoras por velhos conhecidos políticos agora disfarçados de operadores de milagres. Melhor seria fossem eles pregar em outra freguesia e não mais enganarem um povo tão cobrado, mas que nunca perde as esperanças.
