Tradição do Fandango está viva em Paranaguá

Até o início da década de 1990, a tradição do fandango vinha se apagando aos poucos. Sem nenhum grupo em atividade e com mestres fora dos holofotes culturais, a dança chegou a entrar na relação das manifestações que poderiam ser extintas, de acordo com o Conselho Internacional das Organizações de Festivais Folclóricos.

De 1993 para cá, a situação mudou. Isso porque foi feito um trabalho de resgate, o qual iniciou através de encontros com estudantes juntamente com a atuação do Poder Público local para que houvesse a formação de um grupo folclórico.

Em 12 de junho de 1994, aconteceu a estreia, no antigo Teatro da Ordem, do Grupo Folclórico Mestre Romão, que surgiu com apoio da prefeitura e Governo do Estado, representando a cidade e o Paraná em festivais por todo o Brasil. Nesta data, Mestre Romão voltou a atuar com aquilo que mais gostava: o fandango.  

O resgate deu certo e, na sequência, outros grupos e mestres surgiram. Hoje, Mestre Romão acompanha o trabalho, que é conduzido pelos netos.

Atualmente, o fandango é considerado um patrimônio cultural brasileiro, respeitado e valorizado. Paranaguá conta com quatro grupos que atuam regularmente com bailes a cada 15 dias no Mercado do Café. Além do Grupo Mestre Romão, há ainda os grupos Mandicuera, Pés de Ouro (Mestre Nemésio) e Grupo Valadares (Mestre Brasílio).

Segundo o Mestre Nemésio, o Fandango se dá ao som da rabeca e da viola, mas é no ritmo do tamanco dos homens que ele toma vida. “O tamanco é o principal instrumento do Fandango. É ele que marca a batida. E só os homens batem. As mulheres não, elas não podem colocar o tamanco. Se ela coloca e vai tentar bater fica diferente. Tem que seguir a tradição e isso estamos fazendo”, explica.

O fandango, inclusive, receberá uma homenagem no evento Tocadores, que acontece em Antonina de 20 a 22 de abril, incluindo bailes, oficinas de fandango, rodas de conversas com os mestres. Para o Mestre Brasílio, o qual está participando do evento, são atividades assim que ajudam a manter a tradição e, principalmente, o respeito em torno da manifestação. “Hoje o fandango é visto de outra forma. Temos mais respeito e estamos ganhando mais espaço nesses eventos culturais. No futuro, a situação vai ser ainda melhor”, conta o Mestre Brasílio.

O mais recente baile realizado em Paranaguá foi no Sábado de Aleluia, no Mercado do Café, sendo animado pelo grupo Mandicuera. O público prestigiou em grande número, comprovando que a tradição vive novos tempos em Paranaguá.