O ser humano, desde a antiguidade, se volta para as questões estéticas e de percepção sensorial, além de atribuir valor às produções humanas, o que inclui a arte. A arte é o meio pelo qual o homem expressa um conceito e se manifesta, desde os primórdios até a atualidade. Platão e Aristóteles utilizam da filosofia para refletir a “arte” do ponto de vista da poética, esta, então, entendida como um produto da fabricação humana, abrangendo assim, “seres, ações e gestos artificiais (…) produzidos pelos artífices ou artistas”, principalmente no que diz respeito às práticas da palavra falada e escrita, do canto e da dança. Nesse mesmo contexto histórico, a Arte nada mais é que, etimologicamente, o resultado das realizações técnicas do homem, obra executada com intenção meramente utilitária, e o conhecimento envolvido na confecção de objetos de utilidade prática, fazendo da arte e do artesanato sinônimos. Porém, em contraposição a tal entendimento costumeiro da sociedade grega acerca dessa arte “técnica”, estes filósofos já se debruçavam sobre o valor tanto social quanto político dessas produções.
Por esse motivo, em obras da filosofia grega já podemos identificar tratados com o objetivo de distinguir, dentre as “artes poéticas”, as matérias nobres, ligadas às virtudes das matérias vis, ligadas aos vícios e a validade de cada uma delas para um “bom” aproveitamento e aperfeiçoamento moral da sociedade e da administração da cidade-estado. É somente no fim do século XVII que se inicia o processo de distinção entre as artes da utilidade e as artes da beleza, em que a primeira será vista pela perspectiva do ofício e a segunda pela da estética, desenvolvida pela filosofia como uma disciplina ou teoria, segundo Baumgarten, “do belo e das suas manifestações através da arte”. Enquanto disciplina filosófica do belo, a Estética, então, se encarrega de refletir e analisar o que se entende por conhecimento sensorial ou experiência sensível e de “teorizar princípios pertinentes ao belo”.
O belo ou aquilo que satisfaz os sentidos, por sua vez, dentro das discussões filosóficas pode ser visto como algo essencial – já defendia Platão – ou seja, possui uma essência em si mesmo (assim como as coisas belas têm em si a essência do belo: são necessariamente belas), ou como algo subjetivo, ou seja, um juízo de gosto (o valor de belo é atribuído de forma “individual”, por quem sente: são relativamente belas). Porém, o gosto estético é, em grande medida (e muitas vezes inevitável), estabelecido pelas dinâmicas culturais, criando padrões de valor, assim como padrões de juízo estético em determinado tempo ou lugar, e é a partir dessa premissa que surge a Filosofia da Arte. MaxEurique