O mês de março também marca a campanha do Março Amarelo, uma ação para conscientização da endometriose com a missão de aumentar o conhecimento sobre uma doença que afeta cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo, cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva têm Endometriose.
Neste Momento Saúde Unimed, a Dra. Angela Maria Moser, explica o que é a endometriose e fala sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. Confira:
O que é Endometriose?
Dra. Angela Moser: Antes de definir Endometriose, é importante relembrar a anatomia do útero, onde a porção mais interna é chamada de endométrio, cujas células descamam a cada 28 ou 30 dias, a menstruação. Esta camada de células também é responsável por “aninhar” o futuro bebê.
A Endometriose é uma doença inflamatória, caracterizada pelo crescimento do endométrio fora do útero, podendo acometer as trompas, ovários, intestino e bexiga. Acomete de 10 a 15 por cento das mulheres em idade reprodutiva, isto é, entre 15 e 45 anos.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2021, reconheceu a endometriose como um problema de saúde pública, tal o número de mulheres acometidas e a demora no diagnóstico, em média de 7 anos
O que faz com que uma mulher venha a ter uma Endometriose?
Dra. Angela Moser: A etiologia da endometriose ainda não está completamente esclarecida, mas o fator mais aceito é de que haveria uma menstruação retrógrada, isto é, ocorreria um refluxo do sangue menstrual através das trompas caindo nos ovários, bexiga e intestino.
No entanto, não pode ser afastado uma genética e imunológica.
Quais os sintomas da Endometriose?
Dra. Angela Moser: O principal sintoma da endometriose é a cólica menstrual, no início mais leve, mas que com o avançar da doença torna-se mais forte, muitas vezes acompanhada de vômitos e diarreia, tornando a mulher incapacitada para o trabalho ou escola. Muitas vezes este sintoma é subestimado, pois ainda existe o fator cultural de que a cólica é normal.
Outro sintoma importante é a dor durante a relação sexual, por vezes dificultando o ato sexual.
A Endometriose tem cura?
Dra. Angela Moser: Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose, é difícil falar em cura para a Endometriose, pois as causas desta doença ainda não estão esclarecidas. No entanto, com o avanço no tratamento medicamentoso ou cirúrgico, hoje, a endometriose pode ser bem controlada.
Com o diagnóstico e tratamento precoce é possível reduzir o risco de progressão da doença, preservar a fertilidade e dar uma qualidade de vida melhor à mulher.
A Endometriose é um câncer? Pode se transformar numa doença maligna?
Dra. Angela Moser: Não.
A Endometriose pode causar dificuldades para engravidar?
Dra. Angela Moser: Sim. Quando o endométrio começa a crescer em locais como trompas ou ovários, ocorre um processo inflamatório e um processo espontâneo de cicatrização, que seriam as aderências.
A retirada do útero resolve a Endometriose?
Dra. Angela Moser: Não, pois se houverem outros locais com implantes de endométrio, estes continuarão a se desenvolver pela ação dos hormônios produzidos pelos ovários.
A Endometriose desaparece após a menopausa?
Dra. Angela Moser: Sim, desde que tenha sido feito um tratamento correto e que não tenha ficado sequelas, como as aderências pélvicas.
O que devo fazer para saber se tenho endometriose?
Dra. Angela Moser: O primeiro passo é procurar seu ginecologista e contar de seus sintomas: dor de tipo cólica durante o período menstrual, dor nas relações sexuais, dor crônica em baixo ventre. A partir destes sintomas podem ser solicitados exames de US e exame de sangue.
É muito importante a partir do momento do diagnóstico de Endometriose ter confiança no seu médico, seguir as orientações e tratamento sugerido. Assim como mudança de estilo de vida, com atividade física diária e alimentação saudável.
Dra. Angela Maria Moser
Formada em Medicina pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná em 1980
Mestrado em Medicina Interna- Universidade Federal do Paraná – UFPR
Título de Qualificação em Patologia Cervical Uterina e Colposcopia
Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia – TEGO 070/98
CRM/PR 7291
RQE 8770 – especialidade de Ginecologia
RQE 8771 – especialidade de Obstetrícia