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Semeando Esperança

Tempo. Trabalho. Descanso

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O nosso atual estilo de vida, influenciado pela pandemia, reafirmou algumas características, especialmente aquelas referentes ao uso do tempo. De um lado, ele foi otimizado pelas videoconferências, que substituíram muitas reuniões presenciais, evitando que as pessoas saíssem de casa, gastassem combustível, passagens, pedágio e, claro, se expusessem ao vírus. Contudo, há um outro lado, que parece não ser tão positivo. De fato, o trabalho entrou na casa, isto é, na família, de um modo, diria, tirânico, acirrando nosso ativismo. Não temos mais tempo para nada. É isso o que temos ouvido e reafirmado a cada momento, mesmo que possa não ser a realidade. Contudo, exercer uma atividade home office mudou a nossa relação com o tempo e, consequentemente, conosco mesmos e com as pessoas.

Este 16.º Domingo do Tempo Comum recorda a necessidade de inserir no ritmo do trabalho um tempo para o descanso renovador: Marcos 6,30-34. Os apóstolos, enviados em missão por Jesus, depois de realizá-la, retornaram a ele. Eles se reuniram em torno de Jesus certos de que seriam escutados por ele. Por isso, contaram-lhe tudo o que tinham feito e falado, apresentaram-lhe toda a missão. Não era uma simples prestação de contas do serviço realizado. Era a possibilidade de narrar o que tinham vivido naqueles dias, de partilhar com o Mestre as dores e as alegrias, de serem por ele não apenas escutados, mas consolados e corrigidos. Era uma possibilidade única de encontro fraterno, união, crescimento. Enfim, descobrir com Jesus que era preciso descansar: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco” (6,31).

Esse convite de Jesus, seja você cristão ou não, parece-me oportuno para todos nós. O nosso tempo, isto é, a nossa vida, tem necessidade de ocasiões como essa: distanciar-se e descansar. Somos consumidos, ao que parece, por uma necessidade contínua de estar fazendo alguma coisa e, igualmente, de estar conectados o tempo todo. Seríamos, por acaso, inferiores às demais pessoas se conseguíssemos romper, ainda que por um momento, com essas exigências? O que aconteceria se dedicássemos tempo a escutar alguém? Escutar de verdade, sem ficar olhando no celular, verificando a última mensagem que chegou pelo whatsapp.  Ou ainda, por meia hora a cada dia, desligar tudo – celular, tv, rádio – e se sentar perto dos filhos ou netos, do esposo ou da esposa, dos avós e dialogar, escutar, brincar? O que aconteceria em uma família que ousasse utilizar o tempo desse modo? Assim como, para a vida do monge, São Bento prescreveu a necessidade de harmonizar trabalho e oração, não deveríamos também descobrir o que precisa ser harmonizado em nossa vida pessoal e familiar? Começando por essas dimensões existenciais poderíamos, em seguida, encontrar o que equilibrar em nossa vida social e de trabalho. 

O tempo, marcado pelo trabalho e o descanso, ajude a vencer a grave tentação, que corrói nossa capacidade de ousar, esperar e nos alegrar: a sensação de derrota que tem querido corroer o nosso interior, e nos tornar pessoas pessimistas e desencantadas com a vida. “Não deixemos que nos roubem a esperança” (Papa Francisco).

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