Semear é um verbo que indica primeiramente aquele gesto de espalhar sementes para que germinem. Ação grandiosa, carregada de esperança: poder ver uma planta desabrochar e se desenvolver. Semear, porém, inclui outros significados, que dão sentido a muitas de nossas ações. Elogiamos uma pessoa quando, por exemplo, dizemos que ela semeia alegria por onde passa. Pais dedicados, semeiam confiança no coração de seus filhos. Mas, infelizmente, a violência pode semear cadáveres pelas ruas; um mal governante pode semear intolerância no seu país; a pandemia pode semear medo e desespero. Contudo, a humanidade sempre sonha com homens e mulheres semeadores de esperança.
Entre tais “semeadores de esperança” estão as pessoas a quem carinhosamente chamamos de catequistas. Tive a graça de ouvir o testemunho de algumas dessas pessoas generosas. Elas indicaram que ser catequista é uma resposta pessoal “ao chamado de Cristo”; é “testemunhar a fé, semeando a Palavra de Deus”; é “ser uma seta que aponta sempre, sem medo, para a pessoa de Jesus”. Enfim, é uma missão vivida com amor. Lembro-me que essas características marcavam aquela jovem que foi minha catequista, a Bilia. Eu tinha, então, 6 anos e estava me preparando para a primeira comunhão eucarística. E ela nos reunia semanalmente para aprender o Meu Pequeno Catecismo. Coisa simples, feita com muita dedicação e criatividade, pois a maioria das crianças sequer sabíamos ler, pois somente ao completar 7 anos fomos à escola. E ela semeou em nossos corações um grande amor a Jesus Cristo, presente na Eucaristia. Semeou acreditando: “não será em vão”.
Certamente todas as religiões têm necessidade desses semeadores de esperança, que transmitam a sua experiência de fé. Para nós, católicos, é muito importante, por exemplo, que em todas as quartas-feiras, também durante a pandemia, o Papa Francisco tenha continuado a ser catequista, ajudando a aprofundar a fé e a perceber suas implicações na vida pessoal e comunitária. Em sua última catequese, ele quis incutir esperança, pois “perante a pandemia e as suas consequências sociais, muitos correm o risco de perder a esperança”. Cristo é nossa esperança. Ele “nos ajuda a navegar nas águas tumultuosas da doença, da morte e da injustiça, que não têm a última palavra sobre o nosso destino final. A pandemia pôs em evidência e agravou os problemas sociais, especialmente a desigualdade. Alguns podem trabalhar de casa, enquanto para muitos outros isto é impossível. Algumas crianças, apesar das dificuldades, podem continuar a receber uma educação escolar, enquanto para muitas outras houve uma brusca interrupção. (…) Estes sintomas de desigualdade revelam uma doença social; é um vírus que provém de uma economia doente. (…) Ao mesmo tempo, este modelo econômico é indiferente aos danos infligidos à casa comum”. A nós que cremos, não cabe a indiferença do cruzar os braços. “Com os olhos fixos em Jesus (Hb 12, 2) e com a certeza de que o seu amor se realiza por meio da comunidade dos seus discípulos, devemos agir em conjunto na esperança de gerar algo diferente e melhor. A esperança cristã, enraizada em Deus, é a nossa âncora”.
Neste último domingo do mês de agosto, Dia do Catequista, reconheçamos que todos somos semeadores de esperança. Sim, vale agir assim, especialmente por meio de pequenos gestos cotidianos, possíveis a todos nós.