Uma grande festa requer longa preparação e não menor duração; tem início, realização e conclusão. Isso acontece nas comemorações sociais e também nas celebrações da Igreja.A Páscoa, a maior de todas as festas, é preparada pelo tempo da Quaresma, desde a Quarta-feira de Cinzas até a tardezinha da Quinta-feira Santa, e inclui 6 domingos. Ela é celebrada de modo solene, profundo e festivo no Tríduo pascal de Cristo Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. Ao proclamar a ressurreição de Jesus, essa alegria se estende por 50 dias, até o 8º domingo, isto é, hoje, quando celebramos Pentecostes.
Em Pentecostes, festa do povo de Israel, os discípulos de Jesus estavam reunidos em Jerusalém. Nesta ocasião, o Espírito Santo se manifestou: houve um vento forte e apareceram línguas como se fossem de fogo que pousaram sobre eles. Então Pedro falou aos que ali se reuniram, explicando o que estava acontecendo e anunciando-lhes o mistério da salvação realizado em Cristo, crucificado pelos homens e ressuscitado pelo poder de Deus. Essa pregação levou muitos à conversão e a se unirem em comunidades com Pedro e os outros discípulos e discípulas de Jesus. Pregação, conversão e comunhão fraterna, características essenciais da fé cristã, que jamais podem ser desconsideradas pelas lideranças que anunciamos Jesus Cristo.
Isso, anunciar Jesus Cristo, na força do Espírito, tornou-se também o sonho do jovem Charles de Foucauld (1858-1916), um homem para os nossos tempos. Nele, o “vento impetuoso” de Pentecostes foi se mostrando pouco a pouco uma “suave ventania”, que o impeliu por caminhos diversos daqueles que ele havia traçado para si.
Cuidado pelo avô desde que ficara órfão aos 6 anos, Charles iniciou a carreira militar. Durante a adolescência deixou de lado a fé até que, durante uma perigosa exploração em Marrocos, não apenas se questionou “Deus existe?”, mas também fez um pedido: “Se existes, deixa-me conhecer-te”. Era um jovem em busca do sentido da vida. E pode descobrir pouco a pouco o que o Senhor esperava dele: pelo Espírito, falar ao coração das pessoas, vivendo a fraternidade no dia a dia, com quem estava ao seu redor, especialmente o povo tuaregue. Ele compreendeu isso de modo inesperado. Ele ficou gravemente enfermo e foi salvo da morte pelos cuidados recebidos justamente dos tuaregues. Encontrou sua missão: viver a fraternidade com os que o rodeavam e testemunhar a alegria cristã no cotidiano.
Desse modo, Charles de Foucauld é um itinerário vivo de quem deseja encontrar Deus e adorá-lo e, por isso, viver a fraternidade e o amor. E fez essa experiência vivendo como cristão entre os muçulmanos.
Percebendo, infelizmente, a crescente onda de violenta intolerância e, ao mesmo tempo, a tristeza pelos efeitos deste tempo de pandemia, não deveríamos ser testemunhas mais autênticas de fraternidade e de alegria, a exemplo de Charles de Foucauld?