Livre-arbítrio é um componente da Liberdade, e se define como a suposta capacidade do homem para bem escolher entre diferentes opções, e assim agir de acordo com a sua própria livre vontade e escolha, avaliando e assumindo as consequências. Ou seja, um conceito filosófico que pressupõe que as pessoas têm o poder de escolher e agir de forma autônoma, sem serem determinadas ou influenciadas por fatores externos, como a natureza ou a sociedade.
Esta definição é uma síntese geral do conceito de livre-arbítrio, pois o tema tem sido objeto de debate na filosofia ao longo da história, com diferentes perspectivas a respeito dessa pretensa faculdade humana, apresentando variações de formulação e interpretação entre diferentes filósofos e escolas de pensamento.
Para os pré-socráticos, por exemplo, esta ainda não era uma questão central, uma vez que para eles o destino é predeterminado e inalterável. O livre-arbítrio começa a ganhar importância com Sócrates (470-399 a.C.), para quem a Virtude pressupõe o conhecimento e a escolha consciente. Platão (429-347 a.C.) traz a ideia da alma imortal e da existência de um mundo das ideias, onde as almas teriam acesso a todo o conhecimento. A liberdade, para Platão, é a possibilidade de escolher a melhor opção para a alma, a partir do conhecimento adquirido. Para Aristóteles (384-322 a.C.), livre-arbítrio é a faculdade do homem de guiar suas ações de acordo com a razão. Ele acreditava que as escolhas são feitas com base naquilo que se julga ser bom, e que é a razão que determina o que é bom e o que é mau.
Na Idade Média, Agostinho de Hipona (354-430) entendia que a vontade humana não é livre, já que está sempre ligada ao pecado original e à necessidade de salvação divina. Já Tomás de Aquino (1225-1274), apesar de reconhecer a existência do pecado original, defendia que o livre-arbítrio é uma faculdade dada por Deus ao ser humano.
Na modernidade, Descartes (1596-1650) acreditava que liberdade é a capacidade de escolher entre duas opções igualmente possíveis, e que isso é possível graças à faculdade do pensamento. Spinoza (1632-1677), por sua vez, criticava a ideia do livre-arbítrio, argumentando que todas as escolhas são determinadas pela natureza e pelo universo. Para Rousseau (1712-1778), o livre-arbítrio é uma fonte de alienação e infelicidade, pois a liberdade humana estaria sendo suprimida pela sociedade, enquanto a verdadeira felicidade só pode ser alcançada através da liberdade individual e da autodeterminação.
No século XIX, Kant (1724-1804) defendia que a liberdade é uma condição da moralidade, e que a razão é capaz de determinar o que é certo e errado. Já Schopenhauer (1788-1869) acreditava que o livre-arbítrio simplesmente não existe, pois as escolhas humanas são influenciadas por inúmeros fatores externos e internos, como o temperamento, o ambiente e as emoções. Ele via o ser humano como um ser determinado pela vontade, e não como um ser livre.
Kierkegaard (1813-1855) acreditava que o livre-arbítrio é uma condição fundamental para a existência humana: a liberdade individual é necessária para a autenticidade e a realização pessoal, e a escolha livre é essencial para a existência de uma vida significativa. Para John Stuart Mill (1806-1873), o livre-arbítrio é uma condição necessária para o progresso humano, uma vez que a liberdade individual é essencial para a inovação, o desenvolvimento social e o avanço da civilização. Nietzsche (1844-1900) via o livre-arbítrio como uma fonte de poder e criatividade humana. A liberdade individual permite que as pessoas se tornem mais criativas, independentes e realizadas.
Na próxima semana retornaremos ao assunto.
Com base em openai.com, plato.stanford.edu, wikipedia.org e obras de J.M. Fischer, R. Kane, T.Pink, e S.Nichols/G.Caruso.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])