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Maçonaria

Falar e calar

Embora a crença popular atribua à Maçonaria a imagem de “sociedade secreta”, esta suposta característica não passa de mais um dos tantos mitos sobre ela, com a intenção de desacreditá-la em razão de, por princípio, não se submeter a qualquer crença ou ideologia política

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A Maçonaria nos tempos primórdios

Embora a crença popular atribua à Maçonaria a imagem de “sociedade secreta”, esta suposta característica não passa de mais um dos tantos mitos sobre ela, com a intenção de desacreditá-la em razão de, por princípio, não se submeter a qualquer crença ou ideologia política. É fato que não pode ser “secreta” uma entidade cuja existência é amplamente conhecida, tendo personalidade jurídica reconhecida pelas autoridades de vários países. 

A finalidade da Ordem Maçônica é publicamente conhecida, e amplamente difundida em dicionários, enciclopédias, livros de história e, ultimamente, em qualquer pesquisa na Internet, havendo inúmeros “sites”, oficiais ou não, a respeito. Por revestir-se de caráter iniciático, “o único segredo que existe e não se conhece senão por meio do ingresso na instituição, são os meios para se reconhecer os Maçons entre si, em qualquer parte do mundo, e o modo de interpretar seus símbolos e os ensinamentos neles contidos”, informa o Grande Oriente do Brasil – Paraná. 

Reconhece-se, porém, que a verdadeira Maçonaria deve ser, e é, discreta, no sentido de não ter como objetivo o alarde, a ampla divulgação pública de suas realizações. Evidentemente, a instituição se reflete em seus integrantes, e igualmente cumpre ao Maçom ser discreto em seu modo de agir e de falar. A disciplina no uso comedido da palavra, aliás, é lição que acompanha o Maçom desde seu primeiro dia na Ordem. “Dois olhos para melhor enxergar; dois ouvidos para melhor ouvir e uma só boca para menos falar são lições que jamais o Maçom deve esquecer – ver, ouvir, meditar, bem agir e calar”, orienta o paranaense Pedro Juk. 

Antônio Rocha Fadista comenta que no mundo em geral a palavra, falada ou escrita, é usada indiscriminadamente. “A sociedade humana está cheia de palavras que ofendem, que humilham, que magoam e que denigrem a honra do próximo. Se se trabalhasse mais e se falasse menos, com certeza que a humanidade seria mais evoluída e mais civilizada. Infelizmente existem palavras em excesso (…). Tal situação é inconcebível em um Maçom, pois no estudo dos símbolos ele aprende a refletir sobre o conteúdo oculto das palavras que, em última análise, refletem a essência interior do ser humano.”

Este ideal de comportamento inspira-se em práticas de escolas filosóficas milenares. Chílon, um dos sete sábios da Grécia Antiga, quando perguntado sobre qual a virtude mais difícil de praticar, respondia: “calar”. Na Escola Iniciática de Pitágoras, os neófitos eram proibidos de falar por três anos, cumprindo um período de observação em que eram só ouvintes, sob a regra de calar e pensar no que ouviam. Na sequência, o silêncio se estendia por mais dois anos, mas com direito a ouvir as palestras diretamente do Mestre Pitágoras. Consta ainda que Platão, chamado a ensinar a arte de conhecer os homens, assim se expressou: “os homens e os vasos de terracota se conhecem do mesmo modo: os vasos, quando tocados, têm sons diferentes; os homens se distinguem facilmente pelo seu modo de falar”. 

Segundo Fadista, este pensamento platônico nos oferece excelente oportunidade para profunda reflexão. “Nem sempre nos damos conta de como nos tornamos prisioneiros das palavras que proferimos. Por serem a expressão do nosso pensamento, por traduzirem as ideias e os sentimentos, as palavras se tornam um centro emissor de vibrações, tanto positivas quanto negativas. (…) A palavra é o elemento que identifica o Homem e é a síntese de todas as forças vitais; é o elemento que interliga todos os planos, do mais denso ao mais sutil. A palavra está intimamente ligada ao silêncio, outra sublime expressão da psique humana.”

Sérgio Quirino Guimarães é enfático ao afirmar que “quem fala muito atrapalha a reunião!”, e atribui este mau hábito à vaidade e à ingenuidade do orador. Raimundo Rodrigues, por sua vez, observa que “a palavra traduz, através da eloquência, a sabedoria. (…) Não poucas vezes, a palavra é mal usada, não só pela falta de eloquência (ou seja, sabedoria) do orador, mas sobretudo pela falta de conteúdo (…). Precisamos falar, é necessário falar. Todavia, é necessário saber falar a fim de que aqueles que nos ouvem não se lembrem do velho aforismo – o silêncio é de ouro e o falar é de prata.”

Com base em gob-pr.org.br e obras de A.R. Fadista, P. Juk (pedro-juk.blogspot.com), R.Rodrigues e S.Q.Guimarães.

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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