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Maçonaria

A verdade, um desafio (1)

Investigar a “verdade” é o primeiro objetivo da Maçonaria, em seu trabalho para o melhoramento intelectual, moral e social da Humanidade

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A ACÁCIA NA MAÇONARIA

Conhecimento e sabedoria, temas que vimos anteriormente, vinculam-se diretamente à verdade, esta outra vítima constante da vaidade humana. Investigar a “verdade” é o primeiro objetivo da Maçonaria, em seu trabalho para o melhoramento intelectual, moral e social da Humanidade. Este, portanto, também é um dever intrínseco para o Maçom: buscar e agir em conformidade com a verdade, bem como evitar, ou ao menos não contribuir e jamais ser ele próprio o agente, para que se dissemine na Sociedade nada que não seja a pura “verdade”. 

Ocorre que o Maçom é um homem comum em busca do próprio aperfeiçoamento, para assim aperfeiçoar a Sociedade, o que pressupõe uma natural imperfeição, a ser combatida. Contudo, não é nada fácil esta tarefa de buscar constantemente a verdade, exige postura constante de compromisso com o dever e com o estudo, de vigilância e de ação em conformidade com o propósito. Tem sido assim há séculos, mas o é notadamente nos dias atuais, em que estamos todos mergulhados no predomínio da cultura da “pós-verdade”, em que convivemos com a fácil, irrefletida, rasa e veloz propagação de inverdades nas mídias sociais (as tais “fake news”), em que para muitos o que realmente seja “verdade” é algo reconhecidamente supérfluo e relegado ao segundo plano da vida. 

Esta constatação não requer muito mais que um olhar crítico sobre a realidade mundial vivida nos últimos dois anos durante a pandemia em andamento, e as variadas opiniões a respeito de contaminação e vacinas, como exemplos claros para a definição de “pós-verdade” dada pelo tradicional Dicionário Oxford: “Relacionando ou denotando circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais”. 

Escolhida como “palavra do ano” por Oxford em 2015, “pós-verdade” (“post-truth”) é um neologismo, um conceito relativamente recente na história do pensamento humano, porém altamente revelador do comportamento social moderno. O termo teria sido originalmente cunhado em 1992 pelo cineasta e empresário norte-americano Steve Tisch (produtor, por exemplo, do filme “Forrest Gump”), ao discorrer sobre a Guerra do Golfo: “nós, como povo livre, decidimos livremente que queremos viver em uma espécie de mundo da pós-verdade”, ou seja, um mundo no qual a verdade não é mais tão importante ou relevante.

Oxford justificou sua escolha em 2016 por ver o uso frequente e comum do termo em análises políticas, especialmente nas eleições presidenciais norte-americanas de então. Citou The Independent, que afirmou que após as eleições passamos a viver na sociedade da pós-verdade: “A verdade desvalorizou-se tanto que passou de ideal ao debate político a uma moeda sem valor”. Outro texto, do The Economist, com o título “A arte da mentira”, dizia que “Trump é o principal expoente da política da pós-verdade, que se baseia em frases que ‘passam a sensação de serem verdadeiras’, mas que não têm nenhuma base real”.

Pós-verdade, portanto, descreve a situação deliberada na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Na cultura política, denomina-se “política da pós-verdade” aquela na qual o debate se enquadra em apelos emocionais, desconectando-se dos detalhes da política pública, e pela reiterada afirmação de pontos de discussão nos quais as réplicas fáticas (os fatos) são ignoradas. A pós-verdade difere da tradicional disputa e falsificação da verdade, dando-lhe uma “importância secundária”. Resume-se como a ideia em que “algo que aparente ser verdade é mais importante que a própria verdade”. 

Neste cenário, investigar, encontrar e respeitar a “verdade”, de forma alguma agindo contra ela, é um dever que desafia o Maçom cotidianamente. Como veremos na próxima semana, há contudo, um caminho seguro a ser seguido: “A verdade tem por caráter a evidência, e produz no espírito que a possui a certeza. A coordenação das verdades constitui a ciência.”

Com base em livros de N. Aslan, e informações de Dicionário Oxford Languages e wikipedia. 

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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