O primeiro porto da vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá se desenvolveu junto às margens do Rio Taguaré, atual Rio Itiberê. Em 1866, os camaristas de Paranaguá apresentaram a ideia para construir um novo porto em um local mais profundo e afastado do curso do Rio Itiberê. O lugar indicado foi o Porto D’Água, também conhecido como Enseada do Gato e Porto do Gato. Os camaristas e negociantes vinculados às lides de exportação e importação se preocupavam com o estado do porto e do Rio Itiberê. Na década de 1850, alguns problemas tornavam sensível a navegação naquele porto. O problema da profundidade e do assoreamento passa a se tornar uma reclamação constante.
A ideia de se construir um novo porto ganhou impulso na década de 1870. Em 1871, a companhia formada pelos engenheiros Antônio Pereira Rebouças Filho, Francisco Monteiro Tourinho e Maurício Schwarz foi autorizada pelo Governo Imperial a contratar as obras necessárias para uma estrada de ferro. O projeto, elaborado por Antônio Rebouças Filho, pretendia construir uma estrada que servisse ao porto de Antonina com ramais passando por Morretes e Porto de Cima, dali a estrada iria atravessar a Serra do Mar com destino à cidade de Curitiba, capital da Província do Paraná. Porém, em 1872, a companhia formada por Pedro Aloys Scherer, José Maria de Lemos e pelo empresário José Gonçalves Pêcego Júnior foi autorizada a construir um ramal ferroviário entre as cidades de Paranaguá e Morretes. Em agosto de 1872, essa companhia também conseguiu autorização para contratar as obras necessárias ao melhoramento do porto de Paranaguá. Na verdade, o projeto liderado por Pedro Scherer propunha melhoramentos ao lugar conhecido como Porto D’Água. No ano de 1874, esse grupo também foi autorizado a levantar capital para a construção de um ramal da ferrovia, ligando o Porto D’Água à cidade de Morretes. Nesse ano de 1874, a Câmara de Paranaguá aprovou a proposição para rebatizar o Porto D’água para Porto Dom Pedro II.
Os estudos dos dois projetos ferroviários, o que propunha a ligação entre Curitiba e Antonina e o que propunha o ramal ligando Paranaguá a Morretes, foram permeados de debates. Após os estudos, no ano de 1878, o presidente da Província do Paraná Jesuíno de Oliveira apresentou um parecer, expondo que o lugar preferido para receber os melhoramentos e as obras da ferrovia era o porto Dom Pedro II. Com os pareceres e decretos favoráveis a Paranaguá, as obras da ferrovia iniciaram-se em 1879, e foram concluídas em 1885. A estrada de ferro fixaria como ponto estratégico o Porto Dom Pedro II. Com a conclusão da ferrovia, no ano de 1885, o porto Dom Pedro II se tornou mais movimentado. Em 1889, a concessão de construção e melhoramento do porto expirou, em virtude do decreto 10.350 de 14 de setembro de 1889. Em 1917, o Governo do Estado do Paraná foi autorizado a organizar e contratar a construção das obras portuárias. Entretanto, em virtude de falta de capital, problemas para cumprir os prazos e modificações contratuais, apenas em 1935 o porto Dom Pedro II foi oficialmente inaugurado, no local onde funciona até os dias presentes.
Analisando a documentação dos séculos XIX e XX, apreciando as fotografias que demonstram a evolução e crescimento do porto, percebemos o quanto de história é possível aprender. Nos remetendo ao título da obra de Westphalen, de fato o Porto de Paranaguá é um sedutor, pois nos envolve e desperta o interesse em conhecer. Esse texto, apesar de breve, é uma singela homenagem que nós do Instituto Histórico de Paranaguá prestamos ao Porto de Paranaguá. No dia 17 de março, o porto Dom Pedro II completou 88 anos. São 88 anos de muita história e que nos demonstram a longa trajetória e fatos interessantes sobre um dos mais promissores portos agroexportadores do Sul do país.
Priscila Onório Figueira