Continuando o artigo da semana passada, o qual encerrou comentando sobre o povoamento da Ilha da Cotinga, duas décadas depois, os pioneiros, tendo à frente Domingos Peneda, temido e conhecido como “Regulo (tirano) e Matador”, considerado o fundador da povoação, conquistaram a margem esquerda do rio Taguaré (Itiberê), habitado pelos indígenas Carijó, mudando-se para o lugar da ribanceira onde ora está Paranaguá, talvez porque achassem o terreno mais apropriado para formarem a povoação, por ser arenoso, ter uma formosa planície onde acharam uma fonte de água nativa e oferecendo o rio Taguaré, hoje Itiberê, um seguro fundeadouro, abrigado dos ventos e dos piratas em suas baías.
Com a chegada de Gabriel de Lara (1600-1682), em 1640, nomeado Capitão-povoador, desde o início, este não poupou esforços em obter licença para erigir o Pelourinho, simbolizando a justiça portuguesa e, de fato, erguido em 6 de janeiro de 1646, dada a importância que Paranaguá representava para Portugal.
Atento à defesa das novas exigências dos moradores, que vieram atraídos pela garimpagem, valendo-se de seu prestígio, obteve o foral, com força de Carta Régia, por ter sido passado em nome de Dom João IV, o Restaurador, 21º rei de Portugal (1640-1656), pelo qual elevou o povoado ao predicamento de vila – Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá – em 29 de julho de 1648. Estava criado, então, na primeira metade do século XVII, o município de Paranaguá.
Em 1842, a Assembleia Legislativa Provincial decretou e o Presidente da Província de São Paulo, José da Costa Carvalho (1796-1860) – Barão, Visconde e Marquês de Monte Alegre – sancionou a Lei nº 5, de 5 de fevereiro de 1842, elevando a Vila à categoria de cidade, a nossa bela Paranaguá.
Num de seus muitos discursos, escreveu Bento Munhoz da Rocha:
“A civilização paranaense nasceu em Paranaguá. Fixou-se aí. O planalto era a passagem, a instabilidade. De Paranaguá partiram homens que subiram a Serra e foram ajudar e empurrar o Meridiano de Tordesilhas até o rio Paraná.
Em Paranaguá construíram-se os nossos grandes sobrados coloniais, os únicos do Paraná, a bordejar suas ruas deliciosamente tortuosas, inclusive a Rua Direita, que é torta como todas as ruas direitas. O Paraná adquiriu caráter próprio no Planalto, mas nasceu, perpetuou-se, lançou raízes indeléveis entre a serra e o mar.”
Almir Silvério da Silva
Diretor do MIS – IHGP
FREITAS, Waldomiro Ferreira de História de Paranaguá: das origens à atualidade. Paranaguá, IHGP, 1999
TRAMUJAS, Alceo, História de Paranaguá: dos Pioneiros da Cotinga à Porta do Mercosul ao Brasil Meridional/Alceo Tramujas; organizado por Raul Guilherme Urban, 1996
VIEIRA DOS SANTOS, Antônio – Memória histórica da cidade de Paranaguá e seu Município. 1850, Ed. Prefeitura Municipal de Paranaguá
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