Em meados do século XIX, as primeiras encenações teatrais em Paranaguá eram apresentadas ao ar livre. Antônio Vieira dos Santos, em suas obras, registrou como as festividades ligadas ao teatro movimentavam a vila de Paranaguá e descreveu que as encenações não terminaram nem mesmo sob a chuva. Apesar de não sabermos em quais locais as companhias se apresentavam, sabe-se que, em 1829, existia em Paranaguá uma via pública com o nome de beco do teatro. Esse fato faz supor a existência de um lugar onde as peças eram representadas ou ainda, de um prédio adequado à exibição desse belo divertimento. Entretanto, o próprio Vieira dos Santos nada esclarece nesse ponto. A referência que ele faz sobre o beco do teatro, em si, é passageira e retratada com apenas uma notícia de um sangrento conflito ocorrido nesse beco. Posteriormente, devido a esse e a outros incidentes, a rua passou a ser apelidada de Rua das Mortes.
Somente dez anos mais tarde, no ano de 1839, é que encontramos uma notícia atribuída ao primeiro edifício destinado à arte teatral. Nesse contexto, estava sendo organizado um grêmio formado com o objetivo de adquirir um prédio destinado às apresentações de teatro. Por um contrato firmado com o proprietário, Sr. José Ricardo, a agremiação adquiriu prédios existentes na Rua das Mortes, atual Rua Pêcego Júnior, entre as ruas Silva Lemos e Conselheiro Barradas. A compra foi efetuada pela quantia de 400$000. Assim, nessa ocasião, surgiu o Teatro Paranaguense, cujos os fundadores e diretores foram: o Comendador Manoel Francisco Correia Junior, Manoel Antônio Guimarães, Coronel Manoel Francisco Correia, Capitão Mor-Manoel Antônio Pereira e o Sargento Mor-João Antônio dos Santos.
O teatro possuía duas séries de camarotes com uma bela e ampla plateia. A inauguração ocorreu em 1840, por ocasião da celebração da festa de Páscoa. Além da representação inaugural, outras se fizeram nesse mesmo ano. Em 17 de julho de 1841, realizou-se no teatro um espetáculo de gala, feito em homenagem à coroação do imperador Dom Pedro II. A cerimônia foi repleta de atividades, sendo finalizada com um grandioso baile. Esse e outros eventos repletos de histórias incríveis ocorreram nesse antigo teatro, como demonstraremos na nossa próxima coluna.
Referências
Acervo do IHGP. Revista O Itiberê, 1925.
Geovanny de Souza
Diretor da Biblioteca – IHGP biênio 2021-2022