Ao longo do século XVIII e grande parte do século XIX, o porto de Paranaguá funcionava no rio Taguaré (atual rio Itiberê), espaço que concentrava as casas mais valorizadas, armazéns, além da alfândega da cidade. Naquele espaço, embarcações aportavam em busca de diversos gêneros e mercadorias.
Contudo, na segunda metade do século XIX, começaram a surgir as primeiras referências a um lugar apropriado para a construção de um novo porto. O rio Taguaré vinha formando bancos de areia, o que impedia que embarcações de maior calado pudessem atracar e obrigava os navios a ancorarem cada vez mais longe.
Demétrio Acácio Fernandes da Cruz, que exerceu a função de inspetor da alfândega entre os anos de 1862 e 1863 reiterou em sua obra, que a cidade possuía um bom porto, contudo o mesmo estava sendo danificado pelas levas de areias, cujo canal de entrada estaria se estreitando. O novo porto foi delimitado ao espaço conhecido como Porto D'Água ou enseada do Gato, lugar que ficava de frente para a baía, junto ao mar e que posteriormente seria designado como Porto Dom Pedro II.
Manoel Viana em sua obra Paranaguá na história e na tradição sugere que até 1880 o Porto D’Água era ainda orlado de mangues e tomado pela mata virgem. Naquele espaço havia a casa de um pescador de nome José da Silva Gato, com sua modesta casa e seu pequeno porto.
Apesar de ser coberto de vegetação, as autoridades e grupos ligados ao comércio marítimo viram ali as possibilidades da profundidade para os navios de maior calado, visto que naquele contexto, o rio que ficava de frente para a cidade estava cada vez mais assoreado. Foi esse espaço escolhido para início da Estrada de ferro e da estação marítima e que, com a abertura do tráfego, transformaram o antigo sitio coberto de manguezais em um bairro portuário movimentado, trazendo novas dinâmicas e sociabilidades a aquele espaço.
Pricila Onório Figueira
Historiadora – Sócia Efetiva do IHGP