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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

O ouro verde: As exportações de erva-mate no Porto de Paranaguá

Na década de 1820, os principais gêneros exportados pelo Porto de Paranaguá eram o arroz, as madeiras, as betas, os couros e o trigo

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Na década de 1820, os principais gêneros exportados pelo Porto de Paranaguá eram o arroz, as madeiras, as betas, os couros e o trigo. No entanto, ainda neste contexto, um gênero específico passou a ganhar mercado, tratava-se da erva congonha, também conhecida como erva-mate. Apenas para se ter uma ideia do aumento das exportações, mensura-se que no ano de 1815 a congonha equivalia a 1% das exportações. Em 1817, a 1,43% e, em 1826, equivalia a 69,7 % do total das exportações. Os grandes lucros adquiridos através deste comércio são apontados por viajantes e pela historiografia. Os principais mercados consumidores, naquela conjuntura, seriam Buenos Aires e Montevidéu. Torna-se necessário retroceder para entender o porquê da busca da congonha no ancoradouro de Paranaguá, sobretudo, para entender a dimensão do consumo da erva-mate na região conhecida como Rio da Prata.

De acordo com Marcos Gerhardt (2013), a Ilex paraguasiensis (árvore do mate), ocorre na forma silvestre em uma região florestal do Sul da América, em uma área que corresponde hoje à parte do território dos Estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, à província de Misiones na Argentina e ao Leste do Paraguai. A ingestão das folhas da erva-mate era há muito tempo conhecida pelos Kaingang e Guarani. De acordo com Jorge Eremites e Paulo Esselin (2015), os espanhóis que aportaram às margens do Rio da Prata, em meados do século XVI, buscaram estabelecer com os indígenas relações de dominação análogas às que seus predecessores mantinham em outras partes das Américas, conhecidas como encomiendas. Não demorou muito para que os espanhóis se apropriassem do consumo das folhas de erva-mate, afastando-se, porém, do contexto ritualístico no qual era mais consumida. No começo do século XVII comerciantes de diversas regiões da América do Sul, sob o domínio espanhol, já se deslocavam ao Guairá em busca da erva-mate. A rápida difusão, em amplos setores da população colonial, exigiu a organização da produção para atender a um mercado em formação e crescimento. Ocorre que em 1811, com a independência, o Paraguai passou a perder parte de seu mercado externo, por conta da política adotada no governo de José Gaspar Rodríguez de Francia (1811-1840). Esta queda nas exportações do Paraguai fez com que os consumidores de erva-mate de Buenos Aires e Montevidéu procurassem outros mercados, entre eles, o Porto de Paranaguá.

Por fim, como investigou Westphalen (1998), durante o século XIX e início do século XX, o Porto de Paranaguá viveu em torno da exportação da erva-mate para o Rio da Prata e também para o Chile. O ouro verde, como era também conhecida a erva, foi um dos gêneros que enriqueceu a elite de negociantes ervateiros, mas também foi responsável pela urbanização das cidades de Paranaguá e Curitiba e teve influência direta no desenvolvimento do atual Porto de Paranaguá.

Priscila Onório Figueira

Historiadora- Membro do IHGP- Gestão 2019-2020

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