O Grande Mar Redondo

O significado de “Grande Mar Redondo” em tupi é (Pernagoa), sendo “Paraná” o significado de Grande Rio e “Goá” o significado de Redondo, uma referência à Baía de Paranaguá. 

Os primeiros índios no litoral do Paraná que entraram em contato com os portugueses foram os Carijós. A colonização da região veio a partir da imigração de São Vicente e de Cananeia, entre 1550-60, imigrantes estes que se estabeleceram na Ilha da Cotinga e, entre 1575 e 1580, esta mesma população começou a se mudar para a terra, às margens do então rio Tagaré ou Taquaré, atual rio Itiberê. 

Em 1562, Jesuítas, aproveitando a companhia de espanhóis que partiram a pé de São Vicente com destino à bacia do (Prata) chegaram ao território paranaense, com o objetivo de catequizar os índios. Um dos jesuítas que mais se tornou conhecido pelos indígenas do Paraná Colonial foi o padre Leonardo Nunes, apelidado pelos Carijós de “Araré-Bebe” (padre voador). 

Em 1585, as Câmaras Municipais de São Vicente e Santos protestaram por uma intromissão de Domingos Peneda em suas terras e declararam guerra aos Carijós. Os portugueses do litoral paulista queriam apenas a mão de obra escrava para suas fazendas e, os Carijós pareciam ser a melhor solução. Foram então aldeados muitos indígenas e levados para trabalharem nas lavouras de São Paulo. 

Quando da descoberta do ouro no litoral paranaense, formaram-se “Companhias de Índios das Minas” e os Carijós foram explorados ao máximo na cata de ouro. Os outrora orgulhosos e valentes homens de arco transformaram-se em índios administrados, isto é, praticamente escravos. Aprenderam a lavrar ouro na região de Paranaguá e alguns deles foram levados pelos paulistas até Goiás. Ali, muitos deles fugiram e internaram-se nos sertões, vindo a formar a conhecida tribo dos “canoeiros” (habilidade trazida da Baía de Paranaguá). 

Em São Paulo, devido ao grande número de índios oriundos do litoral paranaense, a palavra carijós passou a ser sinônimo de índio. No início do século XVII, calculava-se em 200 mil os Carijós que dominavam o território que ia do Superagui até Laguna, em Santa Catarina. Os remanescentes desta valorosa tribo incorporaram-se à população litorânea. Ainda hoje é possível detectar, na fisionomia do caiçara do litoral, traços fisionômicos dos carijós. 

Hamilton F. Sampaio Junior

Historiador

Sócio Correspondente do IHGP