Prof.ª Lúcia Helena Freitas da Rocha
Em 9 de março de 2000, nas águas do Rio Tejo, exatamente 500 anos após ao início da viagem de Pedro Álvares Cabral que levou ao descobrimento do Brasil, a Marinha do Brasil incorporou a sua Armada o navio veleiro Cisne Branco. O barco foi arquitetado justamente para celebrar os 500 anos do descobrimento e permitiu que o Brasil participasse da travessia comemorativa do Atlântico com um navio de propulsão à vela.
O Cisne Branco foi construído em Amsterdã, na Holanda, pelo estaleiro Damen e sob a supervisão da Marinha brasileira. Teve sua quilha batida em 9 de novembro de 1998 e foi lançado ao mar e batizado em 4 de agosto de 1999. O projeto é baseado nos últimos Clippers do século XIX. A ideia para o navio é que ele tivesse todas as tecnologias avançadas dos tempos modernos, mas realizasse todas as manobras de convés e vela como os veleiros do século XIX, preservando as mais antigas tradições da marinharia.
Mas, o navio não foi construído apenas para celebrar o descobrimento, além representar o Brasil em eventos nacionais e internacionais, promovendo as tradições navais do país, o Cisne Branco também é usado no treinamento dos marinheiros. Apesar de toda tecnologia empregada na Marinha moderna, a essência da marinharia continua a ser um requisito fundamental para todos que trabalham no mar. Além das manobras de vela, tarefas nos conveses, navegação, os tripulantes também desenvolvem habilidade de trabalho em equipe e respeito pelo mar.
O navio veleiro não é o primeiro barco da Marinha a ser batizado como Cisne Branco, mas o terceiro. O nome vem do hino da Marinha do Brasil, a Canção do Marinheiro: “Qual cisne branco que em noite de lua/ vai deslizando num lago azul/ o meu navio também flutua/ nos verdes mares de norte a sul.”
E cisne, na heráldita (arte ou ciência de identificação, descrição e criação de brasões), também representa “boa sorte” e “feliz travessia”, o que vem a calhar quando se trata de um navio.
O Cisne Branco tem assentada, na base do mastro principal do navio, uma moeda de 100 réis, cunhadas em 1936, com a imagem do Almirante Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil. Isso vem de uma tradição naval que tem origem na mitologia grega, na qual os mortos precisam pagar o barqueiro com uma moeda para entrarem no mundo dos mortos.
O Porto de Paranaguá, por inúmeras vezes, já teve o Cisne Branco ancorado em suas águas.