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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Carnaval de Rua em Paranaguá

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Carnaval de Rua em Paranaguá

Embora tenha morado em Paranaguá desde criança, nasci na terra do frevo, Pernambuco, tal qual meu pai, Swami Vivekananda. Nasci em pleno Carnaval, talvez por isso goste tanto.

Não quero ser saudosista, mas Carnaval bom mesmo era em Paranaguá de antigamente. Meu Deus! Era muito divertido. 

Era o melhor Carnaval do litoral, do Paraná, por que não dizer do Brasil? Meus irmãos faziam parte do Bloco Desmelhelhengues da Costeira. Seus participantes não tinham nem instrumentos, era lata mesmo e um pedaço de pau e daí saía o batuque. 

Alguns iam para as ruas fantasiados de Super Heróis, como o Fantasma, artistas conhecidos e outros iam vestidos de mulher. Meus irmãos criavam sua própria fantasia. Vez ou outra notávamos, eu e minha mãe, que algumas roupas nossas haviam desaparecido. Meu pai também descobriu somente ao ver o Bloco dos Desmelhelhengues que os meus irmãos estavam com o passarinho eletrônico que ele acabara de montar, ficando um pouco surpreso, talvez até chateado. Eu mesma não ia para a rua, só uma vez que fui vestida de homem junto com as minhas primas. Era bom para enganar as meninas, nossas colegas. Havia também os Blocos de outros bairros: Vila Guarani, Jardim Santa Rosa, Rocio. Existia o Bloco dos Bagrinhos Amarelos. No Jardim Araçá tinha o Bloco das Escandalosas. 

Os Blocos, de uma forma geral, eram mais para fazer críticas aos políticos da cidade, dos buracos nas ruas, obras mal acabadas e outras situações, escritas à mão em cartazes ou placas. Por vezes, nem dava para ler todas as plaquinhas, mas lembro ainda de uma: “Rádio Filha do Mel, o som que vem do mangue.” Os nomes dos blocos e as críticas referiam-se a coisas típicas da cidade. Só mesmo um parnanguara para entender. Era na segunda-feira de Carnaval que os blocos desfilavam. 

Lembro ainda o quanto era divertido o Banho à Fantasia, o qual acontecia uma semana antes do Carnaval. As pessoas entravam no Rio Itiberê com suas fantasias. O melhor de tudo era depois comer pastel no Mercado. 

Uma vez fui fantasiada de Cleópatra no Junqueira, uma Escola de Samba consagrada até aos dias atuais. É maravilhoso relembrar. Lembranças que marcaram uma época e a nossa própria vida. As famílias se divertiam e isso era o mais importante. Em Paranaguá, nessa época de Carnaval, andava-se pelas ruas a noite inteira, sem qualquer perigo, atualmente isso já não é possível, devido à violência.

Pelo fato de estarmos vivendo a pandemia do Corona Vírus este ano não teremos Carnaval, então, o melhor é não ficar triste, mas sim relembrar os bons momentos.

Zara Vivekananda

Pedagoga – Convidada IHGP

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