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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Meus Carnavais

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Meus Carnavais

Não lembro o ano correto, mas uma vez o pai decidiu que iríamos passar o Carnaval em Paranaguá, chegando à avenida ele falou: “Vamos para Antonina!”

Meus carnavais sempre foram em Antonina. Quando criança nós íamos à tarde com os banquinhos e cadeiras para guardar lugar, pois a festa começava cedo com o bloco do Índio e do Boi, alegria da criançada. Meu tio tinha uma Kombi, a qual já deixava estacionada na esquina, até hoje conhecida como esquina dos Pinto (sobrenome da família). Na Kombi tinha colchão, comida, bebida, tudo para se passar uma noite na rua.

Era como se fosse um ponto de encontro anual. Brincávamos com bisnaga de água, fazíamos fila na torneira da Praça Coronel Macedo ou da igreja São Benedito para encher nossas garrafinhas. Confetes e serpentinas eram de pacote.

Os personagens do Carnaval eram os mais esperados: Tube e sua fantasia com folhas de palmeira, a Professorinha com seus gritinhos, a Bailarina, o Pai do Mato, que colocava medo na criançada, a Velha com sua plaquinha e tantos outros.

No meio da festa sempre acontecia alguma briga, era aquele bolo de pessoas, aí vinha a polícia e quem ia preso ficava até Quarta-feira de Cinzas.

Nossa esquina era cheia, porém, ficava fazia no dia do desfile, pois quase todos desfilavam na Escola de Samba Filhos da Capela. Quando a nossa escola entrava na avenida o sentimento de euforia era total. 

Os paquerinhas passavam e davam um sinal, a gente pedia aos pais para dar uma volta na avenida e, depois de muita insistência, recebíamos o consentimento. Era difícil paquerar.  Outros tempos, outros costumes.

Entre as Escolas de Samba Filhos da Capela e Batel a rivalidade era ferrenha, todos defendiam sua escola com fervor. 

Durante alguns anos fizemos um bloco da família. Meu pai, Luiz Alves Siqueira, e meu irmão, Cincinatus, confeccionaram algumas cabeças e dois bonecos gigantes, um deles piscava o olho, eram tão grandes que precisava abaixá-los para não encostar no fio da luz. Aí surgiu a ideia do Bloco dos Bonecos, ainda existente. 

Para muitos o carnaval é uma festa de bagunça, pagã, para nós é alegria, empenho, dedicação e união da família. Na nossa família não aprendemos a andar já nascemos sambando.

Meu avô já falecido deixou essa herança para nós, minha avó desfila até hoje com 87 anos. Minha mãe faleceu em plena Avenida do Samba em 2011 e foi aí que, em 2012, passei meu primeiro Carnaval em Paranaguá.

Lizangela Pinto Siqueira

Vice-Presidente do IHGP

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