Como é importante guardar obras antigas e como são imprescindíveis os artistas, sejam escritores, músicos, teatrólogos, dançarinos ou artesãos, pois muitas vezes encontramos em sua arte algo que fortalece a nossa alma.
Chegando ao Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá conheci um lindo livro doado pelo nosso saudoso Dr. Carlos Lobo, o qual pertencia ao seu bisavô e, inclusive, havia uma dedicatória deste ao seu avô Tonhá, o que valoriza ainda mais a obra. ´Trata-se de uma coletânea de poesias intitulada “Sonetos Brasileiros”, organizada por Laudelino Freire, nascido em Sergipe a 26 de janeiro de 1873.
Nesse livro existem sonetos de vários autores brasileiros, inclusive Parnanguaras, como Nestor Vitor, porém, o que me chamou a atenção foi um escritor maranhense, nele encontrei algo em comum.
Com certeza a saudade materna atraiu meus olhos para o soneto do poeta Antonio dos Reis Carvalho, nascido em São Luiz do Maranhão a 10 de abril de 1874, o qual transcrevo abaixo, tal como escrito àquela época, e fica assim como uma homenagem a todas as mães, cujo amor é insubstituível.
O MAIS INFELIZ
– “Perdi meu filho!” – Exclama desolado
Um triste pai – “E a esposa encantadora
A morte me roubou!” – Desesperado
Um viúvo se lamenta e a dor deplora.
“E eu mãe não tenho mais!” – Abandonado
Brada um filho, e soluça e geme e chora…
E assim os três, sentados lado a lado,
Soffrem da magua a carga esmagadora.
Mas nenhum como o orphão se maldiz,
Nenhum a dor com tanta angústia exprime:
É que outro filho ao pai fará feliz;
É que outra esposa ao viúvo alegrará,
E o que perdeu da mãe o amor sublime
Jámais o mesmo amor encontrará.
Guadalupe Vivekananda Fabry
Diretora de Geografia – IHGP. Biênio 2023-2024