No último dia 6, tiveram início às comemorações em honra à padroeira do Paraná, Nossa Senhora do Rocio. A devoção a ela é uma tradição tão antiga que suas origens exatas já se perderam, sendo conhecidas apenas por relatos transmitidos ao longo do tempo.
Três histórias principais narram essa devoção. Duas abordam o momento em que a imagem milagrosa de Nossa Senhora foi encontrada, enquanto a terceira descreve a escolha do local onde se ergueu a primeira capela, hoje substituída por um santuário imponente. Dizem que, antigamente, o Rocio era um campo vasto, coberto de moitas de “rosas-loucas” que desabrochavam em novembro.
Uma noite, pescadores avistaram uma luz emergindo das águas, que desapareceu entre as moitas. Intrigados, interpretaram o fenômeno como um sinal divino e, ao investigarem no dia seguinte, encontraram uma pequena imagem de Nossa Senhora, coberta de orvalho e pétalas.
Outra versão, a “Lenda do Pai Berê”, conta que pescadores humildes, após várias tentativas frustradas de pesca, clamaram por ajuda divina. Pai Berê lançou sua rede e, em vez de peixes, encontrou uma pequena imagem de Nossa Senhora, coberta de gotículas que cintilavam ao nascer do sol. Ele a levou para sua cabana e, desde então, as pescas se tornaram fartas, com orações regulares em agradecimento.
Essa segunda versão tornou-se a mais popular, pois se aproxima da vida dos pescadores. Ambas, no entanto, concordam que a imagem foi encontrada no mesmo local, o que inspirou os títulos “Rosa Matutina” e “Estrela do Mar” para Nossa Senhora.
Outro relato fala da escolha do local da primeira capela. Em 1686, Paranaguá já contava com 38 anos, e os moradores pediram à Virgem do Rocio proteção contra uma peste que assolava o litoral. Com o aumento dos devotos, a imagem foi transferida para a igreja matriz, mas desapareceu e foi reencontrada no Rocio, onde fora achada. Esse evento foi interpretado como sinal de que a Virgem desejava que sua devoção permanecesse ali. Uma pequena capela foi erigida no Rocio, onde ela é venerada sob a proteção de seus devotos pescadores.
Essas histórias formam a base do culto a Nossa Senhora do Rocio, cuja festa ocorre no segundo domingo de novembro. Nesse dia, realiza-se uma procissão até a cidade, relembrando a tentativa de mantê-la na igreja matriz, e o retorno ao santuário simboliza o desejo de permanecer no Rocio.
A procissão em honra a Nossa Senhora do Rocio é uma das mais importantes manifestações de fé do sul do Brasil, com grande valor religioso, cultural e histórico. A devoção teve início no século XVII, quando pescadores encontraram uma imagem da santa no mar e passaram a invocá-la como protetora das viagens e padroeira do Paraná, reunindo milhares de pessoas em união e renovação espiritual.
Além de seu valor espiritual, a celebração é relevante economicamente e culturalmente, atraindo turistas, fortalecendo a identidade local e mantendo viva essa tradição secular.
E você, leitor, já teve a oportunidade de conhecer essa importante história da padroeira do Paraná? Eu já estive lá várias vezes.
Referência
RIBEIRO FILHO, Anibal. A História da Nossa Senhora do Rocio. Paranaguá: [s. n.], 1977. 18 p.