Por: Kátia Muniz
Ouço muita gente estufar o peito e falar a plenos pulmões: “Eu nunca vou me sujeitar a uma situação dessas!”; “Imagina, eu não permito que isso aconteça comigo!”; “Eu jamais faria isso!”
Apenas escuto, mas não deixo de pensar que, em algum momento da vida, aquelas afirmações, ditas de maneira tão veemente, podem ir por terra.
Anos atrás, alguém muito próximo a mim, torceu o nariz para uma determinada situação. Jurou de pés juntos que seria incapaz de viver algo semelhante. Viveu. O tempo nos modifica, altera nossos conceitos e percepções. Muitas vezes, o que nos parece absurdo hoje, torna-se perfeitamente aceitável amanhã.
“Eu nunca vou gostar desse sujeito. Cara grosseiro!” É mesmo? Pois saiba que fazia muito tempo que não lhe via carregando esse olhar e esse sorriso, típicos de quem está apaixonada. O tal “homem das cavernas” fisgou-a direitinho.
“Não consigo me imaginar comendo uma coisa dessa.” Achei interessante a foto compartilhada na rede social em que você aparece degustando uma iguaria tão exótica, lá do outro lado do mundo.
“Na igreja, eu não caso.” Tanto casou como ofereceu festa para cento e cinquenta convidados.
“Jamais eu andarei a cavalo. Morro de medo!” Fico feliz que tenha vencido o medo, és uma amazona.
“De avião, eu não viajo!” Na sua última viagem a Nova York, você foi de quê?
“Zero paciência para animais. Demandam tempo e cuidados. Tô fora!” Impressionante como o Hércules, seu cãozinho, o completou. Digo mais: você ganhou leveza no olhar!
Exemplos não faltam, mas quem me lê já entendeu o recado.
Dizer “eu nunca” é engessar-se, é não se permitir algo novo e tudo que essa novidade possa ser capaz de disparar.
Aliás, tenho para mim, que o “eu nunca” é o jeito mais cômodo de frear as possibilidades e as emoções.