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Crônicas

As musas de Xico Sá

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Não é de hoje que gosto da escrita de Francisco Reginaldo de Sá Menezes. Dito assim quase ninguém conhece, mas se eu disser que se trata de Xico Sá, é possível que alguém lembre.

Acabei de ler “O livro das mulheres extraordinárias”, em que Xico escreveu várias crônicas e, nelas, rasga-se de amor, tesão, devoção, desejo, delírios e testosterona por mais de cem mulheres numa, digamos assim, safadeza poética, alternando palavras corriqueiras usadas, comumente, por homens em rodas de conversas e outras escolhidas a dedo para enaltecer as mulheres tão bem selecionadas para a edição. 

Para citar algumas: Luiza Brunet, Deborah Secco, Adriana Esteves, Gisele Bündchen, Marisa Monte, Claudia Ohana e por aí vai. Cada crônica tem como título o nome delas. 

A que se refere à Deborah Secco traz o subtítulo “Pedaço de mau caminho”. O texto inicia de forma exclamativa com “Gostosa!” e, na sequência, o autor afirma “Não há como começar de outro jeito”. 

Gostoso mesmo é ler e observar como a mulher carrega esse poder absoluto de tirar um homem do eixo, seja num remexer de quadril, num olhar, na maneira de conversar e se portar, no jeito de sacudir o cabelo ou numa cruzada de pernas. 

Xico fala abertamente, sem rodeios, o que nós mulheres já sabemos, mas documentado e registrado em livro dá a credibilidade necessária para entendermos, um pouco, como funciona a cabeça masculina.

Cheguei à seguinte conclusão: como é bom ser homem. E mais: Como é bom ser homem e escritor.

Quem há de censurar Xico e sua verve afiada derretendo-se em elogios às mulheres e relatando o que sua imaginação fértil e insaciável é capaz, sem nenhum pudor, constrangimento ou preocupação com possíveis futuros julgamentos.

Fico imaginando se fosse uma escritora e se declarasse para mais de cem homens, fazendo de cada crônica uma catarse de seus desejos mais íntimos e secretos.

A literatura permite e abre a porta para essa explosão de sentimentos porque escrever é a casa dos delírios, mas a sociedade machista ainda aponta o dedo e faz reprovação. 

Xico, admiro você. Nascer homem é carregar uma liberdade inteira.

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