Por: Kátia Muniz
Não todas, claro, mas há uma parte significativa de pessoas que esticou a rede à sombra e deitou-se sobre ela. Desfrutam do que a vida lhes entregou e, se está bom assim, para que mexer.
Nada é mais agradável nessa vida do que a nossa zona de conforto. Nela, costumamos nos adaptar com facilidade, com encaixe, sem muitos sobressaltos e sem grandes projeções futuras. Simplesmente, tratamos de carregar os dias, mais ou menos iguais, na direção que o vento sopra e, se está bom assim, para que mexer.
Afinal de contas, mexer em algo que está quieto pode fazer acordar uma palavra bem temida: mudança.
Mudar significa não só levantar da rede, mas se colocar em movimento em prol de algum sonho, anseio ou conquista. E toda mudança provoca burburinho: externo e, principalmente, interno. Porque é dentro de nós que o processo começa a ganhar corpo e forma. Mudar é lidar com o desconhecido, com o medo, com as dúvidas, com as inseguranças e com as incertezas que fazem parte do pacote. Preparados? Nem um pouco. Mas os que resolvem criar a coragem de girar a maçaneta da porta, que apresenta o novo caminho, costumam não se arrepender do ato.
Sei de muitas histórias de superação. De gente que não se contentou com a estrutura ou com o ambiente em que nasceu. Que soube desde cedo que era preciso ter muita dedicação e disciplina para ver o seu sonho realizado, entendendo que arriscar faz parte do jogo e que, se nada desse certo na primeira tentativa, pegava-se a experiência adquirida e a vontade de vencer e recomeçava-se a partida. Experiência e vontade costumam ser os dados que nos fazem pular várias casas.
Nem sempre é fácil, pois o ato de mover-se também requer abrir mão de certas coisas em benefício de outras. Às vezes, é preciso enfrentar a cidade grande, abrir mão do convívio familiar, negligenciar as horas com os amigos. Alguns vão entender, outros farão cara feia, mas quem te ama vai sempre dizer para você seguir em frente.
“A vida é muito maior do que parece.”
A frase que dá título ao texto foi pinçada de uma linda mensagem que recebi de uma leitora. E uma vez catapultada para a coluna do jornal é porque mexeu, significativamente, com essa que vos escreve.
Quando a gente resolve se permitir ao novo e cortar as raízes que nos prendem ao chão, é mais fácil perceber que a vida costuma ser muito maior do que o metro quadrado que nos cerca.