Mesmo o processo não sendo democrático em Paranaguá (com o prefeito eleito por decreto e não pelas urnas), parecia haver um sentimento de liberdade para reclamações após as eleições de 1935. Como vimos no texto anterior, a população indignada inclusive criou uma comissão para reclamar com o prefeito sobre os “mata-mosquitos” enviados pelo governador em 1936. Neste mesmo ritmo, o jornal curitibano “Diário da Tarde” resolveu publicar uma reclamação que há anos permanecia presa na garganta: devolvam a estátua de Caetano Munhoz da Rocha ao seu devido lugar em frente ao prédio da Nova Estação!
Ainda segundo o jornal, ela fora derrubada durante a Revolução de 30 pelos ardorosos idealistas liderados pelos “17 sublimes” (como ficaram conhecidos os homens que tomaram o poder em Paranaguá antes que a tropa revolucionária de Curitiba chegasse para ajudar). Não passavam de mergulhadores do rio Lameira e dinamiteiros da Ponte São João, na Estrada de Ferro, acusava o autor. Incorretamente, ele responsabilizou os “17 sublimes”: os tais revolucionários agiram por vingança, não apenas com prisões e desordem, mas principalmente ao derrubarem a estátua de Caetano, que só fizera o bem à cidade.
Conforme um artigo irônico de 21/11/1930, a estátua (uma homenagem em vida e de corpo inteiro, reclamava o autor) não tombou pelas mãos revolucionárias em algum tipo de festa vingativa, mas sim na madrugada de 15 de novembro e sem expectadores. A prefeitura escondeu a estátua em um depósito e por anos a praça contou apenas com um misterioso pedestal vazio. Em 1936, o jornal cobrou das autoridades a devolução da estátua ao seu lugar de direito. Todavia ainda não era o momento certo e o monumento só retornou ao pedestal três anos depois, em novembro de 1939.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
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