Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
Em abril de 1914, uma notícia abalou o futebol parnanguara: o Brazil Foot Ball Club anunciou seu fim. Ainda em janeiro, na sede provisória na Pecego Junior, nos baixos do sobrado número 59, o clube elegera a diretoria e tudo parecia correr bem, mas “por questões de menos importância, a ódios e campanhas de vinganças pessoaes” o Brazil acabou.
O clima estava tenso e alguns dias depois, para evitar o mesmo trágico destino, o Rio Branco se reuniu no Club Operário. Em uma tensa assembleia, decidiram que um sócio não poderia participar de outro clube – o ambiente de amizade e solidariedade perdia espaço enquanto as rivalidades aumentavam. Indignados, os srs. Itaborahy, Angelo Perusin e M. Lourenço pediram demissão. Os pedidos foram aceitos prontamente. Sem festa e comemoração, escolheram uma nova diretoria: Presidente, Antonio F. Roza; Vice, José Oliveira; Secretário, Caetano Evangelista; Vice, D. Nascimento; Tesoureiro, Annibal de Lima e Orador, J. Chichorro. “É de crer que, assim, entre o <<Rio Branco>> Foot-Ball Club em uma nova phaze”. Também alteraram o time: Colombino, Toto, Mingote, Wit, Claro, Zico, Neny, Napoleão, Santos, Cardenais e Lucilio.
A antiga diretoria e os sócios do Brazil uniram-se ao D. Pedro Foot-Ball e Itaborahy Macedo (que saíra indignado do Rio Branco) virou o secretário do novo clube. Sem ressentimentos, o Rio Branco enfrentou o Brazil na sede provisória no Porto D. Pedro II. Sob os olhos de imensa multidão, entraram em campo com muito respeito, demonstrando a “amisade existente entre os dois clubs”. Os visitantes perderam: 2 x 0. No mesmo domingo, longe dali, a Praça Pires Pardinho continuava sendo o centro do futebol em Paranaguá. O antigo logradouro lotou de famílias e vários times, deixando as ruas da cidade desertas.